É com grande prazer que convido meus leitores a conhecerem minha última produção, uma sequência audiofotográfica a partir dos cliques feitos por mim pela europa no começo do segundo semestre desse ano.
Notem que todas as fotos foram feitas durante a noite ou em locais e horários com pouca luminosidade. E, justamente, nisso era que consistia o desafio: boas-fotos-não-tremidas com baixa iluminação e SEM o uso de qualquer aparato de apoio e sustentação.
Espero que gostem e que deixem seus comentários aqui.
Pela europa sem tripé de Cid Monteiro em Vimeo
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Mp3 da vez: Les Cowboys Fringants - Plus Rien
quarta-feira, dezembro 10, 2008
domingo, novembro 30, 2008
Santa Catarina, olhai por eles
Por que os textos aqui devem ser sempre exclusivamente meus?
Não.. democratizemos!
É hora d'eu prestar uma homenagem ao tão crucificado estado de SC, que sofreu demais com tanta água vinda dos céus no último mês. E para isso, publico hoje um texto que recebi por email. Sua autoria é atribuída a um argentino (anônimo, infelizmente), que o escrevera num momento semelhante ao nosso, mas no território dos nossos hermanos.
Deixo minha condolência aos queridos catarinenses e um abraço para o leitores fiéis do CouL - e que não tolais vós o desejo de ajudar o próximo!
(quem se interessar mais pela questão, por favor me sinaliza e encaminho diretamente o tocante email completo, com os relatos da nossa Santa Catarina por Joice Stanke Schneider)
-
COMEÇAR DE NOVO
Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.
Anônimo
-
Mp3 da vez: Caetano Veloso - Haiti [Ao Vivo]
Não.. democratizemos!
É hora d'eu prestar uma homenagem ao tão crucificado estado de SC, que sofreu demais com tanta água vinda dos céus no último mês. E para isso, publico hoje um texto que recebi por email. Sua autoria é atribuída a um argentino (anônimo, infelizmente), que o escrevera num momento semelhante ao nosso, mas no território dos nossos hermanos.
Deixo minha condolência aos queridos catarinenses e um abraço para o leitores fiéis do CouL - e que não tolais vós o desejo de ajudar o próximo!
(quem se interessar mais pela questão, por favor me sinaliza e encaminho diretamente o tocante email completo, com os relatos da nossa Santa Catarina por Joice Stanke Schneider)
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COMEÇAR DE NOVO
Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.
Anônimo
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Mp3 da vez: Caetano Veloso - Haiti [Ao Vivo]
quarta-feira, novembro 19, 2008
Slow Down, babe
Aproveitando o momento matemático, uma "charadinha" rápida nesse meio de semana.
Some as 3 parcelas:
- ventiladores soprando de baixo pra cima;
- roupas curtas e/ou mini-blusas decotadas (às vezes podendo ser substituídas por biquíni);
- carinha de dor, angústia;
Eleve tudo isso a potência da câmera-lenta (câmera lenta, cara - isso é tudo aqui!)..
(lembrando ainda que sempre pode haver a presença da variável x, onde x = uma mão ao lado da orelha e outra movimentando-se à frente do tronco, enquanto grunhidos sofridos extremamente agudos são expelidos)
Pense bem. O que temos?
Hãn?
Hum?
Resultado?
Fórmula Mariah Carey para um clipe de sucesso!
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Mp3 da vez: Offspring - Americana
Some as 3 parcelas:
- ventiladores soprando de baixo pra cima;
- roupas curtas e/ou mini-blusas decotadas (às vezes podendo ser substituídas por biquíni);
- carinha de dor, angústia;
Eleve tudo isso a potência da câmera-lenta (câmera lenta, cara - isso é tudo aqui!)..
(lembrando ainda que sempre pode haver a presença da variável x, onde x = uma mão ao lado da orelha e outra movimentando-se à frente do tronco, enquanto grunhidos sofridos extremamente agudos são expelidos)
Pense bem. O que temos?
Hãn?
Hum?
Resultado?
Fórmula Mariah Carey para um clipe de sucesso!
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Mp3 da vez: Offspring - Americana
sexta-feira, novembro 14, 2008
24. Será mesmo?
Faça as contas comigo: 8 horas para um sono habitual, 8 horas para um expediente padrão de trabalho, 1 hora de almoço geralmente, 1 hora para deslocar-se de casa até o trabalho e do trabalho até a residência novamente (não estou nem cogitando a hipótese do sujeito morar em São Paulo), 1 hora para jantar com calma em família e mais 1 hora total para coisas habituais (ir ao banheiro, tomar banho, escovar os dentes, beber água, fazer um lanche..). Some tudo.
Resultado?
Você tem apenas exatas 4 horas diárias pra fazer TUDO que deseja fazer extra-rotina. Ou seja, seu grande dia normalizado de cidadão moderno do mundo contemporâneo globalizado tem 1/6 do previsto.
Acorda!
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Mp3 da vez: The Kooks - See The Sun
Resultado?
Você tem apenas exatas 4 horas diárias pra fazer TUDO que deseja fazer extra-rotina. Ou seja, seu grande dia normalizado de cidadão moderno do mundo contemporâneo globalizado tem 1/6 do previsto.
Acorda!
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Mp3 da vez: The Kooks - See The Sun
quarta-feira, novembro 12, 2008
Crise financeira mundial
Só duas coisas poderiam explicar racionalmente todo esse abalo econômico norte-americano e, conseqüentemente, nas bolsas de valor do mundo inteiro:
1) A "lógica" do mercado de ações
2) Chuck Norris acordou azarado e perdeu consecutivamente uma partida de Jogo da Vida e outra de Banco Imobiliário contra ele mesmo.
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Mp3 da vez: Finger Eleven - Complicated Questions
1) A "lógica" do mercado de ações
2) Chuck Norris acordou azarado e perdeu consecutivamente uma partida de Jogo da Vida e outra de Banco Imobiliário contra ele mesmo.
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Mp3 da vez: Finger Eleven - Complicated Questions
terça-feira, outubro 21, 2008
Diálogo com seqüestrador na China
Muitos já devem ter recebido um email com tais fotos. As imagens são reais e as circunstâncias, provavelmente.
A atitude é radical, concordo, mas muitas vezes faz-se necessária. Vejam, por exemplo, o trágico desfecho do seqüestro de Eloá (15 anos) na última sexta-feira, depois de 100 horas de apreensão e diálogo.. Não posso ficar indiferente, calado sem escrever, depois de acompanhar essa triste nova novela da TV brasileira.
Tudo que consigo ver é que, além da violência no país ter transposto todos os limites suportáveis, a polícia nacional prova, cada vez mais, estar arcaica, subestimada e despreparada. Pode-se dizer que faltou, no mínimo, um comandante/negociador de pulso e decisão para conduzir e resolver satisfatoriamente esse caso. Todas as ações foram lentas, vexatórias. Em que lugar do mundo já se viu ser concedida permissão para retorno de um refém (RECÉM liberado) em dramas do tipo?
Pela minha ignorante experiência no assunto, através de reportagens passadas, e até filmes de cinema, situações como essa são resolvidas seguindo-se o esquema "dá cá um refém e toma lá alguma coisa", basicamente. Não o contrário. O que se permitiu foi totalmente ilógico, uma piada de mau gosto. Que condições teria Nayara, também vítima, de ajudar em alguma coisa? Haja inocência e condescendência da polícia.
Ainda fui obrigado, ontem, a ver o negociador do GATE-SP (Grupo de Ações Táticas Especiais) declarando em horário nobre que a polícia não errou.
- Quem errou foi Lindemberg, que pegou uma arma e foi para aquele apartamento atrás de Eloá, disse ele.
E eu estou com as mãos doendo até agora para digitar aqui, de tanto que aplaudi essa brilhante "satisfação" ao povo. Como pode um cidadão desse tornar-se policial e ainda ficar à frente das negociações?
Resta então o mais novo marginal do Brasil ser julgado, seguir para a cadeira onde fará (em nosso sistema penitenciário - vergonhoso como a polícia e a impunidade nacional) "Pós-graduação em Criminalidade e Seqüestros II" e sairá de lá pronto para vida nova. Ainda mais frio e desiludido.
Vendo as fotos do começo, e pensando na frase "Com bandido não se negocia!" - que sempre ouço meu pai exclamar -, deixo uma pergunta final, com toda indignação aflorada:
- O que valia mais agora, ele estar morto (e seus órgãos doados) ou ELA?
Tudo que consigo ver é que, além da violência no país ter transposto todos os limites suportáveis, a polícia nacional prova, cada vez mais, estar arcaica, subestimada e despreparada. Pode-se dizer que faltou, no mínimo, um comandante/negociador de pulso e decisão para conduzir e resolver satisfatoriamente esse caso. Todas as ações foram lentas, vexatórias. Em que lugar do mundo já se viu ser concedida permissão para retorno de um refém (RECÉM liberado) em dramas do tipo?
Pela minha ignorante experiência no assunto, através de reportagens passadas, e até filmes de cinema, situações como essa são resolvidas seguindo-se o esquema "dá cá um refém e toma lá alguma coisa", basicamente. Não o contrário. O que se permitiu foi totalmente ilógico, uma piada de mau gosto. Que condições teria Nayara, também vítima, de ajudar em alguma coisa? Haja inocência e condescendência da polícia.
Ainda fui obrigado, ontem, a ver o negociador do GATE-SP (Grupo de Ações Táticas Especiais) declarando em horário nobre que a polícia não errou.
- Quem errou foi Lindemberg, que pegou uma arma e foi para aquele apartamento atrás de Eloá, disse ele.
E eu estou com as mãos doendo até agora para digitar aqui, de tanto que aplaudi essa brilhante "satisfação" ao povo. Como pode um cidadão desse tornar-se policial e ainda ficar à frente das negociações?
Resta então o mais novo marginal do Brasil ser julgado, seguir para a cadeira onde fará (em nosso sistema penitenciário - vergonhoso como a polícia e a impunidade nacional) "Pós-graduação em Criminalidade e Seqüestros II" e sairá de lá pronto para vida nova. Ainda mais frio e desiludido.
Vendo as fotos do começo, e pensando na frase "Com bandido não se negocia!" - que sempre ouço meu pai exclamar -, deixo uma pergunta final, com toda indignação aflorada:
- O que valia mais agora, ele estar morto (e seus órgãos doados) ou ELA?
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Mp3 da vez: Farofa Carioca - Moro No Brasil
quarta-feira, outubro 15, 2008
Hoje é dia de longas críticas expositivas
Estava eu na recepção do consultório, aguardando minha vez, quando abro a Veja e leio um interessante texto do Millôr sobre automobilismo e os dias atuais. Me chamou a atenção a posição do autor acerca da tecnologia e o artificialismo que algumas coisas, como as corridas, passaram a ter atualmente em função de tanto avanço.
Na tevê, ele diz que o piloto limita-se a "um pedaço de capacete visto por trás, que pode ser de qualquer um". Ao vivo, "apenas bólidos de brinquedo passando", e que é uma tela que mostra, em "numerinhos eletrônicos", quem está a frente.
De fato, a modernidade tem nos tirado os grandes sabores da vida. Bandas, por exemplo, põem ruídos em suas faixas para reproduzirem o nostálgico característico som do vinil. Na lanchonete, não adianta pedir "capricha!" porque o andróide que está servindo cumpre ordens e todos os molhos e ingredientes seguem rígidas padronizações globais que não permitem que a quantidade da batata ou o peso do sanduíche possam ser alterados, e nem que a casquinha possa vir com uma volta a mais. E a indústria anda tão ética que, para não prejudicar o seu consumidor aumentando o preço de seus produtos, diminui o conteúdo das embalagens.
Paciência. Faz tempo, na verdade, que queria escrever esse texto e compartilhar com você, companheiro leitor, um pouco das indagações cotidianas que vêm me afligindo. Fiz uma espécie de pesquisa (que resumiu-se a anotar fatos observados num velho caderninho durante alguns meses) na qual enumerei uma série de fatos atuais que me chocam ou, no mínimo, intrigam meu bom-senso, e fazem-me ver o quanto os valores mundanos estão completamente invertidos.
Já que falei de indústria, comecemos por uma água de côco curiosa que me foi dada como brinde numa dessas feiras e exposições de shopping. Ela vinha em caixinha (até aí ainda vai, pois vivemos no mundo dos sucos e das coisas em caixinha, já me acostumei), mas essa era filtrada e destilada! Não é fantástico? Impossível resistir e ficar sem tomá-la depois de ler isso. Na verdade, é o mínimo que se espera, hoje, de uma água de côco em caixinha e antenada com as últimas tendências. Fica mais divertido pensar na gama de opções existentes quando você oferece cerveja para um amigo e ele responde "não, obrigado, prefiro destilados".
Mas digo que isso não é nada perto do que li agora, enquanto escrevia. Fui até o Deus Google e digitei "água de côco destilada" (procurando mais embasamento para o meu texto). O que encontrei? "CE desenvolve água-de-coco em pó". Melhor que isso só quando dei de cara, há alguns anos, com a notícia do lançamento do ovo sem colesterol (e também em pó)! O pioneiro leite em pó já é banal.
Continuando, até onde lembro, o fio-dental, por exemplo, propunha-se a remover resíduos entre os dentes. E quando é ele que, depois de duas passadas, desfia e prende entre os dentes, incomodando mais do que o pedaço de carne que já estava lá? O que pensar da camisinha aprovada pelo Inmetro que, mesmo depois de submetida a rígidos testes de resistência e elasticidade, é colocada corretamente e rompe-se? Nada demais. Ela só serviria para evitar a gravidez e a transmissão de doenças sérias.
Acontece. Não dá para "levar tudo a ferro e fogo". Tudo isso é possível (e comum já) num mundo onde universidades e instituições promovem cursos de Gestão de Pessoas (adoro esse termo: "gestão"! Simplesmente se enquadra em qualquer coisa que você queira, experimente!); onde você põe na MTV e, o dia todo, passa qualquer coisa menos música (o nome dela deveria ser ATV - Anything Television); onde a promoção da rádio consiste no ouvinte mandar para lá o horário em que ouviu a última da Britney Spears e quantas "cacarejadas" (é esse o termo usado) ela deu durante a música; onde a mesma rádio, em seu programa de tevê, sujeita mulheres esculturais de biquíni a comer pedaços cozidos de sola de sapato (usado) para ver qual delas tem mais disposição (e mais silicone no cérebro).
Melhor que isso é trocar de canal e ver o telejornal nacional dizendo que as bolsas de Nova Iorque estão na pior crise desde a quebra em 1929 (e com isso o dólar, ao invés de desvalorizar, fica mais caro - nunca vou entender), que o aumento da inflação anual do Real não cessa, que por aqui já estão importando água, e ver imagens de pessoas passando fome nas ruas e sertões d'um país tropical, de terras extremamente férteis e com tradição agrícola como o nosso. É preferível esperar terminar o bloco da economia e ver no próximo que São Paulo registrou engarrafamento recorde mais uma vez e que, no entanto, 800 novos carros entram em circulação em suas ruas diariamente.
Obs.: Falando em carros, capitalismo e compulsividade consumista, tem coisa mais avançada do que em meados do ano corrente você já poder comprar um carro do ano seguinte?
"Faz parte", como já dizia um dos participantes do programa Big Brother Brasil (a propósito, por que não escrevem logo Brasil com Z duma vez, se é pra usar estrangeirismos? Fica tão mais "cool and brazilian"). Nesse mesmo programa, que bate recordes de audiência todo ano e já se encaminha para a 9ª edição (creio sermos o país a ter ido mais longe com essa brincadeira), os fiéis telespectadores devem ligar para números de telefone iniciados por 0300 para votar em quem deve sair no "paredão". Incrível! Pra que ganhar dinheiro só com a audiência, patrocínio e publicidade (dentre outros) se também dá para explorar os alienados que querem ligar e participar desse circo? Afinal, liga quem quer (lembre-se que até certa edição do programa todas as linhas para este fim eram 0800 - mas isso também era no tempo em que o interesse de que a pessoa assistisse o BBB, e participasse, era da emissora).
E se a tevê pode abusar, por que não, os bancos e outros números de suporte? É só observar quantos serviços ainda têm números de atendimento gratuitos à disposição do cliente. E pior, há ainda uma nova categoria nesta modalidade; quando não são os 0300 que substituem os 0800, surgem os 4004. Eles são os novos "dígitos mágicos" (porém não menos taxados). E o mais cômico de tudo é, sem dúvida, os tele-atendimentos que possuem duas opções diferenciadas: as iniciadas por 4004, para capitais e regiões metropolitanas, e por 0800 para o restante. Faz sentido! Quem pode dar-se o luxo de morar numa capital, ou próximo a ela, tem mais dinheiro e tem que pagar mais.
Justo. Mas nem só de absurdos é feito o mundo, e o país. Existem leis também para salvaguardar as pessoas e assegurar seus direitos. Por exemplo, eleitores (não disse todos, somente eleitores, ou seja, obrigatoriamente aqueles com 18 anos ou mais - ou quem já pode ser preso, como preferir) não podem ser detidos no período compreendido dos 5 dias que antecedem as eleições aos 2 que a seguem (salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou por desrespeito a salvo-conduto. Ufa!). Quem foi esperto aproveitou essa semaninha de folga para exercer a cidadania e, livre, aplicar atos de democracia pelas ruas. Muito bem!
Semanas antes, na minha recente ida a europa, entrei numa daquelas grandes lojas de música, livros e filmes em Amsterdam. Procurei os cds do Pearl Jam, procurei, e não conseguia achar. Até que resolvi pedir ajuda a uma funcionária, que disse: "temos sim, mas não ficam aqui (na seção de rock), é n'outro andar, na seção 'pop'". E lá fui eu, desolado, e sem mais tesão de ver o preço. No caminho, uma surpresa boa: o filme Central do Brasil, e em promoção! Sempre bom ver o que é nosso cruzando fronteiras e barreiras. Mas, como dizem, "alegria de pobre dura pouco" e descobri que seu título internacional em inglês é Central Station - afinal Brasil é totalmente suprimível nesse caso. Diria até que é apenas um mero detalhe, um enfeite no título, que por acaso origina-se do nome próprio da estação verdadeira, onde se passa o filme, na cidade do Rio de Janeiro.
E falando em música e cinema, lembrei de shows (categoria na qual enquadram-se peças, danças, espetáculos musicais, etc) que, hoje em dia, têm a venda dos seus ingressos atrelada a uma curiosa prática. Dispondo de duas tarifas, inteira e meia, a venda desta última é feita geralmente para estudantes, maiores de 65 anos e para aqueles que levem 1kg de alimento no dia do evento. Vai dizer que não é no mínimo engraçado colocar tão distintos e amplos públicos na mesma categoria? E o mais cômico dessa história ainda está por vir: a tarifa integral é oferecida por um preço astronômico (e que ninguém paga!), e a "meia entrada" torna-se mais acessível a um preço mascarado e fantasioso. O que ninguém parece notar é que todos estão simplesmente pagando o preço da inteira, pois a "meia", verdadeira, já deixou de existir há muito. E me pergunto se sobra ainda algum direito ao aposentado e ao estudante, que passam a ser tratados como qualquer assalariado (ou não) portando um saco de comida - que vai pra onde no fim das contas?
É chato admitir que o mundo moderno, aliás, mundo contemporâneo (se a Idade Moderna já findou-se, deve ser falado mundo contemporâneo, que é mais moderno), está perdendo a graça. Mas parece que não há como ver as coisas de outro jeito quando passo numa banca de jornal e dou de cara com a capa d'uma daquelas revistas femininas, com o título "Orgasmo: garanta já o seu". Está à venda? Ninguém me avisou...
Certo mesmo estava Millôr, que terminou aquele seu artigo (ao qual me referi no começo) dizendo: "Hoje morar em Viracopos, debaixo da ponte aérea, é mais radical do que pilotar uma Ferrari. E uma disputa de skate também é muito mais perigosa, portanto mais emocionante, do que qualquer Fórmula 1. Esteticamente, então, nem se fala. E skate você também vê com os próprios olhos, não precisa de eletrônica pra dizer quem foi o melhor."
[Este artigo também está disponível no Jornal TiraGosto]
[Leia o artigo de Millôr na íntegra, publicado na p.45 da Veja de 1º de outubro de 2008]
[Todas as fotos deste artigo são de minha autoria e têm caráter ilustrativo expositivo. Todos os direitos reservados - mais conteúdo fotográfico disponível no meu portfólio virtual em http://www.flickr.com/photos/cidmonteiro]
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Mp3 da vez: Gram - Você Pode Ir Na Janela
Na tevê, ele diz que o piloto limita-se a "um pedaço de capacete visto por trás, que pode ser de qualquer um". Ao vivo, "apenas bólidos de brinquedo passando", e que é uma tela que mostra, em "numerinhos eletrônicos", quem está a frente.
De fato, a modernidade tem nos tirado os grandes sabores da vida. Bandas, por exemplo, põem ruídos em suas faixas para reproduzirem o nostálgico característico som do vinil. Na lanchonete, não adianta pedir "capricha!" porque o andróide que está servindo cumpre ordens e todos os molhos e ingredientes seguem rígidas padronizações globais que não permitem que a quantidade da batata ou o peso do sanduíche possam ser alterados, e nem que a casquinha possa vir com uma volta a mais. E a indústria anda tão ética que, para não prejudicar o seu consumidor aumentando o preço de seus produtos, diminui o conteúdo das embalagens.
Paciência. Faz tempo, na verdade, que queria escrever esse texto e compartilhar com você, companheiro leitor, um pouco das indagações cotidianas que vêm me afligindo. Fiz uma espécie de pesquisa (que resumiu-se a anotar fatos observados num velho caderninho durante alguns meses) na qual enumerei uma série de fatos atuais que me chocam ou, no mínimo, intrigam meu bom-senso, e fazem-me ver o quanto os valores mundanos estão completamente invertidos.
Já que falei de indústria, comecemos por uma água de côco curiosa que me foi dada como brinde numa dessas feiras e exposições de shopping. Ela vinha em caixinha (até aí ainda vai, pois vivemos no mundo dos sucos e das coisas em caixinha, já me acostumei), mas essa era filtrada e destilada! Não é fantástico? Impossível resistir e ficar sem tomá-la depois de ler isso. Na verdade, é o mínimo que se espera, hoje, de uma água de côco em caixinha e antenada com as últimas tendências. Fica mais divertido pensar na gama de opções existentes quando você oferece cerveja para um amigo e ele responde "não, obrigado, prefiro destilados".
Mas digo que isso não é nada perto do que li agora, enquanto escrevia. Fui até o Deus Google e digitei "água de côco destilada" (procurando mais embasamento para o meu texto). O que encontrei? "CE desenvolve água-de-coco em pó". Melhor que isso só quando dei de cara, há alguns anos, com a notícia do lançamento do ovo sem colesterol (e também em pó)! O pioneiro leite em pó já é banal.
Continuando, até onde lembro, o fio-dental, por exemplo, propunha-se a remover resíduos entre os dentes. E quando é ele que, depois de duas passadas, desfia e prende entre os dentes, incomodando mais do que o pedaço de carne que já estava lá? O que pensar da camisinha aprovada pelo Inmetro que, mesmo depois de submetida a rígidos testes de resistência e elasticidade, é colocada corretamente e rompe-se? Nada demais. Ela só serviria para evitar a gravidez e a transmissão de doenças sérias.
Acontece. Não dá para "levar tudo a ferro e fogo". Tudo isso é possível (e comum já) num mundo onde universidades e instituições promovem cursos de Gestão de Pessoas (adoro esse termo: "gestão"! Simplesmente se enquadra em qualquer coisa que você queira, experimente!); onde você põe na MTV e, o dia todo, passa qualquer coisa menos música (o nome dela deveria ser ATV - Anything Television); onde a promoção da rádio consiste no ouvinte mandar para lá o horário em que ouviu a última da Britney Spears e quantas "cacarejadas" (é esse o termo usado) ela deu durante a música; onde a mesma rádio, em seu programa de tevê, sujeita mulheres esculturais de biquíni a comer pedaços cozidos de sola de sapato (usado) para ver qual delas tem mais disposição (e mais silicone no cérebro).
Melhor que isso é trocar de canal e ver o telejornal nacional dizendo que as bolsas de Nova Iorque estão na pior crise desde a quebra em 1929 (e com isso o dólar, ao invés de desvalorizar, fica mais caro - nunca vou entender), que o aumento da inflação anual do Real não cessa, que por aqui já estão importando água, e ver imagens de pessoas passando fome nas ruas e sertões d'um país tropical, de terras extremamente férteis e com tradição agrícola como o nosso. É preferível esperar terminar o bloco da economia e ver no próximo que São Paulo registrou engarrafamento recorde mais uma vez e que, no entanto, 800 novos carros entram em circulação em suas ruas diariamente.
Obs.: Falando em carros, capitalismo e compulsividade consumista, tem coisa mais avançada do que em meados do ano corrente você já poder comprar um carro do ano seguinte?
"Faz parte", como já dizia um dos participantes do programa Big Brother Brasil (a propósito, por que não escrevem logo Brasil com Z duma vez, se é pra usar estrangeirismos? Fica tão mais "cool and brazilian"). Nesse mesmo programa, que bate recordes de audiência todo ano e já se encaminha para a 9ª edição (creio sermos o país a ter ido mais longe com essa brincadeira), os fiéis telespectadores devem ligar para números de telefone iniciados por 0300 para votar em quem deve sair no "paredão". Incrível! Pra que ganhar dinheiro só com a audiência, patrocínio e publicidade (dentre outros) se também dá para explorar os alienados que querem ligar e participar desse circo? Afinal, liga quem quer (lembre-se que até certa edição do programa todas as linhas para este fim eram 0800 - mas isso também era no tempo em que o interesse de que a pessoa assistisse o BBB, e participasse, era da emissora).
E se a tevê pode abusar, por que não, os bancos e outros números de suporte? É só observar quantos serviços ainda têm números de atendimento gratuitos à disposição do cliente. E pior, há ainda uma nova categoria nesta modalidade; quando não são os 0300 que substituem os 0800, surgem os 4004. Eles são os novos "dígitos mágicos" (porém não menos taxados). E o mais cômico de tudo é, sem dúvida, os tele-atendimentos que possuem duas opções diferenciadas: as iniciadas por 4004, para capitais e regiões metropolitanas, e por 0800 para o restante. Faz sentido! Quem pode dar-se o luxo de morar numa capital, ou próximo a ela, tem mais dinheiro e tem que pagar mais.
Justo. Mas nem só de absurdos é feito o mundo, e o país. Existem leis também para salvaguardar as pessoas e assegurar seus direitos. Por exemplo, eleitores (não disse todos, somente eleitores, ou seja, obrigatoriamente aqueles com 18 anos ou mais - ou quem já pode ser preso, como preferir) não podem ser detidos no período compreendido dos 5 dias que antecedem as eleições aos 2 que a seguem (salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou por desrespeito a salvo-conduto. Ufa!). Quem foi esperto aproveitou essa semaninha de folga para exercer a cidadania e, livre, aplicar atos de democracia pelas ruas. Muito bem!
Semanas antes, na minha recente ida a europa, entrei numa daquelas grandes lojas de música, livros e filmes em Amsterdam. Procurei os cds do Pearl Jam, procurei, e não conseguia achar. Até que resolvi pedir ajuda a uma funcionária, que disse: "temos sim, mas não ficam aqui (na seção de rock), é n'outro andar, na seção 'pop'". E lá fui eu, desolado, e sem mais tesão de ver o preço. No caminho, uma surpresa boa: o filme Central do Brasil, e em promoção! Sempre bom ver o que é nosso cruzando fronteiras e barreiras. Mas, como dizem, "alegria de pobre dura pouco" e descobri que seu título internacional em inglês é Central Station - afinal Brasil é totalmente suprimível nesse caso. Diria até que é apenas um mero detalhe, um enfeite no título, que por acaso origina-se do nome próprio da estação verdadeira, onde se passa o filme, na cidade do Rio de Janeiro.
E falando em música e cinema, lembrei de shows (categoria na qual enquadram-se peças, danças, espetáculos musicais, etc) que, hoje em dia, têm a venda dos seus ingressos atrelada a uma curiosa prática. Dispondo de duas tarifas, inteira e meia, a venda desta última é feita geralmente para estudantes, maiores de 65 anos e para aqueles que levem 1kg de alimento no dia do evento. Vai dizer que não é no mínimo engraçado colocar tão distintos e amplos públicos na mesma categoria? E o mais cômico dessa história ainda está por vir: a tarifa integral é oferecida por um preço astronômico (e que ninguém paga!), e a "meia entrada" torna-se mais acessível a um preço mascarado e fantasioso. O que ninguém parece notar é que todos estão simplesmente pagando o preço da inteira, pois a "meia", verdadeira, já deixou de existir há muito. E me pergunto se sobra ainda algum direito ao aposentado e ao estudante, que passam a ser tratados como qualquer assalariado (ou não) portando um saco de comida - que vai pra onde no fim das contas?
É chato admitir que o mundo moderno, aliás, mundo contemporâneo (se a Idade Moderna já findou-se, deve ser falado mundo contemporâneo, que é mais moderno), está perdendo a graça. Mas parece que não há como ver as coisas de outro jeito quando passo numa banca de jornal e dou de cara com a capa d'uma daquelas revistas femininas, com o título "Orgasmo: garanta já o seu". Está à venda? Ninguém me avisou...
Certo mesmo estava Millôr, que terminou aquele seu artigo (ao qual me referi no começo) dizendo: "Hoje morar em Viracopos, debaixo da ponte aérea, é mais radical do que pilotar uma Ferrari. E uma disputa de skate também é muito mais perigosa, portanto mais emocionante, do que qualquer Fórmula 1. Esteticamente, então, nem se fala. E skate você também vê com os próprios olhos, não precisa de eletrônica pra dizer quem foi o melhor."
[Este artigo também está disponível no Jornal TiraGosto]
[Leia o artigo de Millôr na íntegra, publicado na p.45 da Veja de 1º de outubro de 2008]
[Todas as fotos deste artigo são de minha autoria e têm caráter ilustrativo expositivo. Todos os direitos reservados - mais conteúdo fotográfico disponível no meu portfólio virtual em http://www.flickr.com/photos/cidmonteiro]
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Mp3 da vez: Gram - Você Pode Ir Na Janela
sexta-feira, outubro 10, 2008
Moda alternativa na publicidade. Ou seria o inverso?
Designer de moda de Nova Iorque investe em mídia e conceito extremamente alternativos para a publicidade do seu trabalho.
Os dois longboarders insanos Noah Sakamoto e Patrick Rizzo, trajando elegantes peças do designer Adam Kimmel (e usando apenas luvas como proteção), se jogam a mais de 80km/h numa auto-estrada em Claremont/California com uma câmera na mão, muita habilidade no pé, adrenalina no coração e nada na cabeça!
Confiram o resultado:
http://www.adamkimmel.com
Isso sim é ter espírito empreendedor e lançar tendências.. um ótimo estudo de caso (talvez psiquiátrico!).
[vídeo indicado por Pedro, do Insight'o'pedia]
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Mp3 da vez: Fu Manchu - Evil Eye
Os dois longboarders insanos Noah Sakamoto e Patrick Rizzo, trajando elegantes peças do designer Adam Kimmel (e usando apenas luvas como proteção), se jogam a mais de 80km/h numa auto-estrada em Claremont/California com uma câmera na mão, muita habilidade no pé, adrenalina no coração e nada na cabeça!
Confiram o resultado:
http://www.adamkimmel.com
Isso sim é ter espírito empreendedor e lançar tendências.. um ótimo estudo de caso (talvez psiquiátrico!).
[vídeo indicado por Pedro, do Insight'o'pedia]
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Mp3 da vez: Fu Manchu - Evil Eye
domingo, setembro 21, 2008
Pela raíz
A circuncisão é uma imposição que fere o direito de ir e vir do cidadão.
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Mp3 da vez: Jorge Ben Jor - Roberto Corta Essa/Ponta De Lança Africano (Umbabarauma)
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Mp3 da vez: Jorge Ben Jor - Roberto Corta Essa/Ponta De Lança Africano (Umbabarauma)
terça-feira, setembro 09, 2008
De grão em grão eu vou andando e pensando
Sentado no trem, abri a lata e, comendo, pensei: assim como os amendoins, são as pessoas.
- Alguns não largam da casca a vida toda; outros já são mais desapegados.
- Alguns passam todo o tempo com sua outra metade; outros se separam de vez, e tem até os que dão um espacinho.
- Alguns são mais duros e fechados; outros, mais maleáveis e macios.
- Alguns são escuros; outros torneados ao ponto, e tem até os ruivos ou bem branquinhos.
- Alguns são atraentes; outros não são nada convidativos.
- Alguns são gostosos e com sabor único; outros são doces e de cheiro marcante, e tem até os amargos, estragados e que viram pó.
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Mp3 da vez: Gabriel O Pensador - Tás A Ver?
- Alguns não largam da casca a vida toda; outros já são mais desapegados.
- Alguns passam todo o tempo com sua outra metade; outros se separam de vez, e tem até os que dão um espacinho.
- Alguns são mais duros e fechados; outros, mais maleáveis e macios.
- Alguns são escuros; outros torneados ao ponto, e tem até os ruivos ou bem branquinhos.
- Alguns são atraentes; outros não são nada convidativos.
- Alguns são gostosos e com sabor único; outros são doces e de cheiro marcante, e tem até os amargos, estragados e que viram pó.
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Mp3 da vez: Gabriel O Pensador - Tás A Ver?
segunda-feira, setembro 01, 2008
RG
A perda do olfato traz, em parte, a perda da felicidade. Não é possível lembrar do cheiro da namorada de quando se conheceram, por exemplo. Não seria fácil identificá-la de olhos fechados e sem as mãos. Quando se perde o olfato, perde-se a referência, perde-se o traçado. Formigas embaralhadas.
Um cachorro solto no mundo. Um cachorro que não sabe por onde passou a matilha. Fica difícil saber o caminho a ser seguido. Simplesmente vai. Sem muitas lembranças.
Fica vetado sentir o cheio do mar, das batatas sendo fritas, do bolo saindo do forno, da fragrância que o sabonete deixa depois do banho, do colo da mãe, do pescoço da amiga, da terra molhada, da mulher da sua vida.
O cheio é experiência. Pra quem não sabe, o olfato é o sentido mais responsável pela ativação e estímulo da memória. Cada cheiro, uma coisa, um lugar, um momento, um sinal. Sem olfato, se está desprovido proteção, do correto discernimento do que fazer.
Não há como saber se o gás está vazando, se o lixo está fedendo, se a cidade está poluída, se é hora de tomar banho, se o ovo já apodreceu, se a torrada queimou, se o bebê sujou a fralda, se a piscina está com muito cloro, se tem catinga de cigarro na roupa e no cabelo, se o bafo de cerveja está invasivo.
Como será que o corpo supre essa falta de percepção? Como será que ele se adapta ao mundo inodoro? Será que algum outro sentido ficaria mais aguçado para servir de alerta? Como deve ser para o nariz não conseguir identificar o que os olhos vêem? Conflito no escuro.
A libído diminui. O que os olhos não vêem, o coração não sente - algum sábio observou. E o que o nariz não cheira, como será que fica o coração?
Todos os lugares parecem os mesmos. Muda um pouco a paisagem, o relevo, o clima, o idioma, as Construções e até as pessoas. Mas continua tudo igual. Porque nada mais tem sabor olfativo. Não é possível diferenciar sem ver as fotos. Chiqueiro, padaria, sebo; tanto faz.
Talvez, se pensarmos no mundo das desgraças, esse seja o sentido mais "descartável". O primeiro que alguém - se tivesse que - escolheria perder. Mas eu vou avisando: não é fácil ficar sem identidade.
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Mp3 da vez: Zeca Baleiro - Bandeira
Um cachorro solto no mundo. Um cachorro que não sabe por onde passou a matilha. Fica difícil saber o caminho a ser seguido. Simplesmente vai. Sem muitas lembranças.
Fica vetado sentir o cheio do mar, das batatas sendo fritas, do bolo saindo do forno, da fragrância que o sabonete deixa depois do banho, do colo da mãe, do pescoço da amiga, da terra molhada, da mulher da sua vida.
O cheio é experiência. Pra quem não sabe, o olfato é o sentido mais responsável pela ativação e estímulo da memória. Cada cheiro, uma coisa, um lugar, um momento, um sinal. Sem olfato, se está desprovido proteção, do correto discernimento do que fazer.
Não há como saber se o gás está vazando, se o lixo está fedendo, se a cidade está poluída, se é hora de tomar banho, se o ovo já apodreceu, se a torrada queimou, se o bebê sujou a fralda, se a piscina está com muito cloro, se tem catinga de cigarro na roupa e no cabelo, se o bafo de cerveja está invasivo.
Como será que o corpo supre essa falta de percepção? Como será que ele se adapta ao mundo inodoro? Será que algum outro sentido ficaria mais aguçado para servir de alerta? Como deve ser para o nariz não conseguir identificar o que os olhos vêem? Conflito no escuro.
A libído diminui. O que os olhos não vêem, o coração não sente - algum sábio observou. E o que o nariz não cheira, como será que fica o coração?
Todos os lugares parecem os mesmos. Muda um pouco a paisagem, o relevo, o clima, o idioma, as Construções e até as pessoas. Mas continua tudo igual. Porque nada mais tem sabor olfativo. Não é possível diferenciar sem ver as fotos. Chiqueiro, padaria, sebo; tanto faz.
Talvez, se pensarmos no mundo das desgraças, esse seja o sentido mais "descartável". O primeiro que alguém - se tivesse que - escolheria perder. Mas eu vou avisando: não é fácil ficar sem identidade.
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Mp3 da vez: Zeca Baleiro - Bandeira
sábado, agosto 30, 2008
Sem-teto
O que seriam dos pombos sem os centros urbanos, suas praças e fios de energia?
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Mp3 da vez: The Beatles - Free As A Bird
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Mp3 da vez: The Beatles - Free As A Bird
terça-feira, agosto 19, 2008
Cruzadas
Para onde vão todos aqueles que vejo?
A mulher bonita que desfila com o cachorro
O homem que fuma seu charuto importado
A criança que chora sem parar e faz cara feia
A senhora ranzinza, ranheta e resmungona
O que fazem da vida todos aqueles que cruzo?
A mulher que emparelha comigo no carro ao lado
O homem de terno e gravata que atravessa a praça com pressa
As crianças que brincam com os pombos pousados no banco
A senhora que faz cooper e depois topless na praia
O que passa na cabeça daqueles com quem interajo?
A mulher que é gratuitamente estúpida com o cliente
O homem que é revistado e tratado como um culpado
O garoto africano que larga tudo e muda de país pedindo socorro
A senhora que caminha, manca, senta e olha a vida passar
O que esperam da vida aqueles que passam por mim?
A mulher que trabalha, cuida do filho, do lar e faz amor
O homem que gira pelo mundo fotografando as coisas
A menina que olha as luzes do poste passarem pela janela do trem
O senhor grisalho que joga dominó na mesa de concreto
Quantas histórias já viveu quem senta do meu lado?
A mulher que foi capa de revista masculina
O homem que sempre escreveu tiras de quadrinhos
A garota que ainda jovem casou e depois de velha desquitou
O senhor que queria ser bombeiro, passou a vida como chaveiro e terminou na cova como coveiro?
O que percebe de toda a vida...
A mulher que ficou surda
O homem que ficou cego
O menino que ficou sem olfato
O senhor que ficou sem voz e paladar
As pessoas que já não tem mais tato?
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Mp3 da vez: Carla Bruni - Quelqu'un m'a dit
A mulher bonita que desfila com o cachorro
O homem que fuma seu charuto importado
A criança que chora sem parar e faz cara feia
A senhora ranzinza, ranheta e resmungona
O que fazem da vida todos aqueles que cruzo?
A mulher que emparelha comigo no carro ao lado
O homem de terno e gravata que atravessa a praça com pressa
As crianças que brincam com os pombos pousados no banco
A senhora que faz cooper e depois topless na praia
O que passa na cabeça daqueles com quem interajo?
A mulher que é gratuitamente estúpida com o cliente
O homem que é revistado e tratado como um culpado
O garoto africano que larga tudo e muda de país pedindo socorro
A senhora que caminha, manca, senta e olha a vida passar
O que esperam da vida aqueles que passam por mim?
A mulher que trabalha, cuida do filho, do lar e faz amor
O homem que gira pelo mundo fotografando as coisas
A menina que olha as luzes do poste passarem pela janela do trem
O senhor grisalho que joga dominó na mesa de concreto
Quantas histórias já viveu quem senta do meu lado?
A mulher que foi capa de revista masculina
O homem que sempre escreveu tiras de quadrinhos
A garota que ainda jovem casou e depois de velha desquitou
O senhor que queria ser bombeiro, passou a vida como chaveiro e terminou na cova como coveiro?
O que percebe de toda a vida...
A mulher que ficou surda
O homem que ficou cego
O menino que ficou sem olfato
O senhor que ficou sem voz e paladar
As pessoas que já não tem mais tato?
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Mp3 da vez: Carla Bruni - Quelqu'un m'a dit
domingo, julho 20, 2008
sexta-feira, julho 18, 2008
Mudança cabalísttica?
Hoje descobri (na verdade, constatei) algo muito interessante - embora sem relevância alguma: Adriana Calcanhotto mudou de nome do início de sua carreira pra cá (pra quem já sabia, tudo bem, eu só fui ver agora - sempre é tempo).
Ajeitando as capas e tags de minhas mp3s (um trabalho diário), notei que na capa do álbum Senhas (1992), Calcanhoto tinha apenas um "t". Já em Público (2000), dois. E olhando seu site oficial, em Maré (2008) - o último cd da cantora - a mesma coisa: "tt".
Sandra de Sá, Jorge Ben Jor.. Artistas levam a sério mesmo essa coisa de numerologia.
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Mp3 da vez: Adriana Calcanhotto - Senhas
Ajeitando as capas e tags de minhas mp3s (um trabalho diário), notei que na capa do álbum Senhas (1992), Calcanhoto tinha apenas um "t". Já em Público (2000), dois. E olhando seu site oficial, em Maré (2008) - o último cd da cantora - a mesma coisa: "tt".
Sandra de Sá, Jorge Ben Jor.. Artistas levam a sério mesmo essa coisa de numerologia.
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Mp3 da vez: Adriana Calcanhotto - Senhas
quarta-feira, junho 25, 2008
Vai “Speed Racer” vai!
Aventura, esta é a categoria dada ao filme do garotinho veloz. E eu diria que geralmente esse é um termo bem genérico ao se classificar um filme. Mas, ao falar de Speed Racer, nada mais sensato. São mais de duas horas que passam voando em frente à tela com uma boa dose de ação.
O enredo surge da mesma história do desenho animado japonês venerado pela criançada na década de 70, e conta de maneira rápida e divertida a infância do garoto apaixonado por carros, circuitos e competições.
Speed (Emile Hirsch), como é chamado desde novo, cresce fascinado pelo ronco dos motores assistindo as vitórias de seu irmão mais velho, o ídolo e piloto Rex Racer (Scott Porter). Ele é quem iniciou o jovem prodígio nos volantes, que foi cada vez mais tomando gosto - e jeito - pelo dirigir nas altas rotações. Porém, o menino vê seu grande irmão sumir misteriosamente numa perigosa prova de rali.
O tempo passa e, apesar de toda a tristeza que fica no ar, Speed resolve seguir, sem dúvidas, os rastros deixados por Rex. Para isso, ele conta com a força da sua unida família formada por Pops (John Goodman), pai e fundador do próprio time; da sua dedicada e companheira mãe (Susan Sarandon); do novo caçula carinhosamente chamado de Gorducho (Paulie Litt) e seu macaco de estimação Zequinha; da namorada desde os tempos de infância Trixie (Christina Ricci); do amigo e mecânico Sparky (Kick Gurry) e, claro, do protagonista Match 5, seu famoso carro.
Durante o belo filme de cenas borradas, misturadas e coloridas, cada personagem dessa equipe vai mostrando seu papel e envolvendo-se numa boa trama típica de filme infanto-juvenil. Antes que perguntem, o longa-metragem, apesar de fidedigno à história, não se trata de um desenho animado como nos bons tempos. Mas também não é apenas um filme: é uma arte de fundir as duas categorias.
E não tinha como ser diferente, já que esse delírio visual foi dirigido e produzido por nada mais nada menos que os célebres irmãos Wachowski, os criadores da trilogia Matrix. Eles conseguem fazer com que o filme, que se passa quase integralmente dentro de estúdio, garanta, além de gostosas risadas, emoção e sensibilidade.
Os amantes de efeitos especiais, carros ou até de boas histórias despretensiosas (com direito à lição de valores para as crianças), mesmo se não acompanharam o desenho original, e independentemente da idade, podem ir até os cinemas (é um típico filme para se apreciar nas telas grandes!) e divertir-se com os pulos e ultrapassagens de Speed Racer, o misterioso e mascarado Corredor X (Matthew Fox) e os vilões vigaristas que não dão sossego aos bons pilotos.
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Mp3 da vez: Outkast - Roses
O enredo surge da mesma história do desenho animado japonês venerado pela criançada na década de 70, e conta de maneira rápida e divertida a infância do garoto apaixonado por carros, circuitos e competições.
Speed (Emile Hirsch), como é chamado desde novo, cresce fascinado pelo ronco dos motores assistindo as vitórias de seu irmão mais velho, o ídolo e piloto Rex Racer (Scott Porter). Ele é quem iniciou o jovem prodígio nos volantes, que foi cada vez mais tomando gosto - e jeito - pelo dirigir nas altas rotações. Porém, o menino vê seu grande irmão sumir misteriosamente numa perigosa prova de rali.
O tempo passa e, apesar de toda a tristeza que fica no ar, Speed resolve seguir, sem dúvidas, os rastros deixados por Rex. Para isso, ele conta com a força da sua unida família formada por Pops (John Goodman), pai e fundador do próprio time; da sua dedicada e companheira mãe (Susan Sarandon); do novo caçula carinhosamente chamado de Gorducho (Paulie Litt) e seu macaco de estimação Zequinha; da namorada desde os tempos de infância Trixie (Christina Ricci); do amigo e mecânico Sparky (Kick Gurry) e, claro, do protagonista Match 5, seu famoso carro.
Durante o belo filme de cenas borradas, misturadas e coloridas, cada personagem dessa equipe vai mostrando seu papel e envolvendo-se numa boa trama típica de filme infanto-juvenil. Antes que perguntem, o longa-metragem, apesar de fidedigno à história, não se trata de um desenho animado como nos bons tempos. Mas também não é apenas um filme: é uma arte de fundir as duas categorias.
E não tinha como ser diferente, já que esse delírio visual foi dirigido e produzido por nada mais nada menos que os célebres irmãos Wachowski, os criadores da trilogia Matrix. Eles conseguem fazer com que o filme, que se passa quase integralmente dentro de estúdio, garanta, além de gostosas risadas, emoção e sensibilidade.
Os amantes de efeitos especiais, carros ou até de boas histórias despretensiosas (com direito à lição de valores para as crianças), mesmo se não acompanharam o desenho original, e independentemente da idade, podem ir até os cinemas (é um típico filme para se apreciar nas telas grandes!) e divertir-se com os pulos e ultrapassagens de Speed Racer, o misterioso e mascarado Corredor X (Matthew Fox) e os vilões vigaristas que não dão sossego aos bons pilotos.
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Mp3 da vez: Outkast - Roses
quinta-feira, junho 12, 2008
Só carrinhos sós na chuva
Dia de noite.
Noite de silêncio.
Silêncio de solidão.
Solidão de abandono.
Abandono de desapreço.
Desapreço de pressa.
Pressa de precipitação.
Precipitação de partir.
Partir d'aqui.
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Mp3 da vez: Chico César - Se Você Viajar
Noite de silêncio.
Silêncio de solidão.
Solidão de abandono.
Abandono de desapreço.
Desapreço de pressa.
Pressa de precipitação.
Precipitação de partir.
Partir d'aqui.
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Mp3 da vez: Chico César - Se Você Viajar
domingo, junho 01, 2008
Toda história tem dois lados (já o papel..)
Às vezes eu penso que os caras com mais visão de comércio, dinheiro e capitalismo, de todos os tempos, são os proprietários de empresas e indústrias de papel-higiênico. Eles simplesmente produzem uma mercadoria que tem demanda infinita. Imagina quantas pessoas vão ao banheiro por dia?
E é algo que não tem escapatória. Quem senta na privada, inevitavelmente vai precisar dele. Mas, empresários do meu Brasil, mesmo com tamanha sabedoria, ouçam um humilde conselho meu! Se quiserem ficar ainda mais ricos, e terem ainda mais mercado, escolham dois lugares para centralizarem suas matrizes mundiais: Brasília e Eua - vocês sabem, lá tem gente fazendo M o tempo todo.
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Mp3 da vez: O Rappa - Ninguém Regula A América [ao vivo - particip. Sepultura]
E é algo que não tem escapatória. Quem senta na privada, inevitavelmente vai precisar dele. Mas, empresários do meu Brasil, mesmo com tamanha sabedoria, ouçam um humilde conselho meu! Se quiserem ficar ainda mais ricos, e terem ainda mais mercado, escolham dois lugares para centralizarem suas matrizes mundiais: Brasília e Eua - vocês sabem, lá tem gente fazendo M o tempo todo.
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Mp3 da vez: O Rappa - Ninguém Regula A América [ao vivo - particip. Sepultura]
segunda-feira, maio 12, 2008
Aleatórias palavras escolhidas
Perambulante transeunte do cabelo zabelê das cucas maravilhosas
Outras palavras de Caetano em bocas escancaradas cheias de dentes
Céu de cachos dourados ao som de histórias infantis
Belezas embatucadas de miraculosos adereços
Fantasiosas imaginações além do profundo conhecimento
Gerações originárias do âmago substantivo oriundo
De todas as partes o pedaço do todo
A fascinação pelo desconhecido oculto na riqueza do ouro de tolo
A vastidão do pouco que sobra de toda a multidão
Os assolados isolados pelo que resta da maioria opressora
Conhecimento que preenche o vazio da repleta ausência
O esmaecer de um diurno anoitecer na peregrinação errante
Crepúsculo assustador desconhecido inerte passageiro
Longa caminhada caminho duro de dor intermitente
Busca incansável pela procura do segredo confiado
Triste confiança desperdiçada em vão pelos caminhos tomados
Rumos dos rumores que rondam as redondezas ao redor
Imagens bombásticas explodidas sem parar
Caos conseguinte à criação do criador
Mirabolante miragem nos olhos de Talião
A tábua ensaboada pelos pecados da evolução degradada
A não importância do relativo frente à conquista do avanço
Sabedoria burra inerente à trajetória trilhada de lá pra cá
A sorte de um amor tranqüilo com sabor de fruta proibida
Mordida feroz calmante loucura da raiva vinda Dali
O azar da inquietude da tentação que mora ao lado
Ruptura do fluxo cíclico normal de todo ser em movimento
Fato demarcado com pequenas gotas do orvalho vermelho de ti.
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Mp3 da vez: Chico Buarque - Construção
Outras palavras de Caetano em bocas escancaradas cheias de dentes
Céu de cachos dourados ao som de histórias infantis
Belezas embatucadas de miraculosos adereços
Fantasiosas imaginações além do profundo conhecimento
Gerações originárias do âmago substantivo oriundo
De todas as partes o pedaço do todo
A fascinação pelo desconhecido oculto na riqueza do ouro de tolo
A vastidão do pouco que sobra de toda a multidão
Os assolados isolados pelo que resta da maioria opressora
Conhecimento que preenche o vazio da repleta ausência
O esmaecer de um diurno anoitecer na peregrinação errante
Crepúsculo assustador desconhecido inerte passageiro
Longa caminhada caminho duro de dor intermitente
Busca incansável pela procura do segredo confiado
Triste confiança desperdiçada em vão pelos caminhos tomados
Rumos dos rumores que rondam as redondezas ao redor
Imagens bombásticas explodidas sem parar
Caos conseguinte à criação do criador
Mirabolante miragem nos olhos de Talião
A tábua ensaboada pelos pecados da evolução degradada
A não importância do relativo frente à conquista do avanço
Sabedoria burra inerente à trajetória trilhada de lá pra cá
A sorte de um amor tranqüilo com sabor de fruta proibida
Mordida feroz calmante loucura da raiva vinda Dali
O azar da inquietude da tentação que mora ao lado
Ruptura do fluxo cíclico normal de todo ser em movimento
Fato demarcado com pequenas gotas do orvalho vermelho de ti.
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Mp3 da vez: Chico Buarque - Construção
quarta-feira, abril 23, 2008
Anterior cruzamento ligado
Ele acordou e foi mancando até o banheiro. Escovou os dentes, tirou as remelas e ajeitou os cabelos desgrenhados. Urinou por 6 minutos, lavou as mãos e saiu de lá. Chegou na cozinha, pegou o leite, botou no copo, misturou com o Toddy e matou tudo num gole só. Foi mancando até a sala.
Deu bom dia pra mãe, deu bom dia pra tia. Falou com o primo e cumprimentou o tio. Na varanda, olhou a luz do dia, viu a claridade amarela do sol e ouviu o zunido das cigarras. Sentou, folheou o jornal e viu as principais notícias do dia. Voltou até a sala e sentou pra assistir o bom desenho animado de cada dia. Deu algumas risadas e, quando acabou, foi mancando para o escritório.
Ligou o computador como de costume e botou um bom rock 'n roll nas caixinhas distorcidas. Deixou a música rolar e abriu o Gmail. Leu os novos emails, reviu alguns mais antigos e encaminhou outros. No Orkut, mandou alguns recados e respondeu outros. Deu uma passada nos habituais fóruns, debateu algumas palavras e verificou as suas comunidades.
Ficou online no MSN. As mesmas pessoas de todo santo dia. Cumprimentou algumas, outras vieram lhe dar oi e mudou a sua saudação. O almoço chega a mesa. Hora de lavar as mãos. Repara cabelos no chão branco e constrói imagens com eles. Pelo cheiro que não sente, a comida já estava pronta e à espera.
Sente falta dos cheiros. Cheiro da comida, cheiro das flores, da mata, dos cabelos com xampu, de perfumes, das amigas, da pele ensaboada, do plástico novo, do vinil, da capa emborrachada, do chiclete de framboesa, da bala de hortelã e da banana na fruteira. O gosto também não é mais o mesmo. Tudo anda mais salgado que o normal.
A tarde prossegue e a rotina é a mesma: andar devagar, fazer hora para os dias passarem e os machucados melhorarem. O computador é seu lazer, vício e distração. Mata saudade dos amigos, manda sinais, lê notícias e cria textos. Revisa algumas coisas que pensou no dia anterior e escuta mais música - outro ritmo, de rock.
As conhecidas dores da tendinite aparecem nos braços para lhe darem oi. Alongamentos feitos, já ficou horas demais na frente do monitor. Hora de mudar pra tv. Assiste alguns clipes, vê algum seriado e se diverte com aquele desenho amarelo. Come qualquer coisinha e aproveita pra trocar uma idéia com as mulheres da casa.
Lembra de coisas que andaram acontecendo, de como a vida era antes do acidente e até de sua infância e adolescência, que sempre vêm à tona. Se tem algo que ainda funciona bem é a sua memória. Essa não se abalou mesmo com a pancada. Lê a revista preferida, de informática, e ouve um pouco do que mais gosta no seu mp3.
Noite chegando, jantar se aproximando. A mesa é posta e as panelas vão ao fogo. O primo sempre correndo e jogando bola dentro de casa. A comida chega à sala de jantar e a família se reúne em torno dela. O primo cria caso e faz a mesma manha de sempre pra comer. As conversas variam entre as ameaças de castigo e as notícias do que aconteceu naquele dia pelo mundo.
Frutas vêm como sobremesa. A família encerra suas últimas degustações da noite. Os últimos restam sobre as cadeiras falando algumas coisas triviais. Mancando até o computador, ele volta a ser seu companheiro. Sua amada está online. Muitas letras, prosas e versos são trocados entre os dois, até o "beijo, boa noite, dorme bem.." O último vídeo de longboard visto no YouTube é fechado.
Com o joelho latejando, e as barbas já longas, seu último caminhar de hoje é até o quarto. O colchão está lá na mesma posição, junto com o pijama. O abajur acendido pela mãe continua lá também, iluminando. A porta do banheiro é encostada para a última escovação dental completa do dia ser feita. O frágil pedaço de fio dental, como sempre, está largado na pia. Os aparelhos já estão em sua boca.
Com cuidado, sai e fecha a porta. Olha as horas e apaga o abajur. Se abaixa devagar, e deita no colchão que está no chão, ao lado da cama de casal onde já dorme sua mãe. O zunido vindo do ouvido direito fica mais alto agora. Cobre-se com a mesma mantinha de todo dia, e a encosta nas feridas semi-cicatrizadas e borradas com pomada após o banho quente.
Agora só resta fechar os olhos, rezar, fazer aquele pedido especial e sonhar com a mesma coisa de todas as noites: que está junto dos amigos distantes e que o seu olfato voltou - permitindo a ele sentir novamente todo o cheiro bom do mundo com o qual ele sonha e inalá-lo inteirinho de uma vez.
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Mp3 da vez: Black Label Society - Stillborn
Deu bom dia pra mãe, deu bom dia pra tia. Falou com o primo e cumprimentou o tio. Na varanda, olhou a luz do dia, viu a claridade amarela do sol e ouviu o zunido das cigarras. Sentou, folheou o jornal e viu as principais notícias do dia. Voltou até a sala e sentou pra assistir o bom desenho animado de cada dia. Deu algumas risadas e, quando acabou, foi mancando para o escritório.
Ligou o computador como de costume e botou um bom rock 'n roll nas caixinhas distorcidas. Deixou a música rolar e abriu o Gmail. Leu os novos emails, reviu alguns mais antigos e encaminhou outros. No Orkut, mandou alguns recados e respondeu outros. Deu uma passada nos habituais fóruns, debateu algumas palavras e verificou as suas comunidades.
Ficou online no MSN. As mesmas pessoas de todo santo dia. Cumprimentou algumas, outras vieram lhe dar oi e mudou a sua saudação. O almoço chega a mesa. Hora de lavar as mãos. Repara cabelos no chão branco e constrói imagens com eles. Pelo cheiro que não sente, a comida já estava pronta e à espera.
Sente falta dos cheiros. Cheiro da comida, cheiro das flores, da mata, dos cabelos com xampu, de perfumes, das amigas, da pele ensaboada, do plástico novo, do vinil, da capa emborrachada, do chiclete de framboesa, da bala de hortelã e da banana na fruteira. O gosto também não é mais o mesmo. Tudo anda mais salgado que o normal.
A tarde prossegue e a rotina é a mesma: andar devagar, fazer hora para os dias passarem e os machucados melhorarem. O computador é seu lazer, vício e distração. Mata saudade dos amigos, manda sinais, lê notícias e cria textos. Revisa algumas coisas que pensou no dia anterior e escuta mais música - outro ritmo, de rock.
As conhecidas dores da tendinite aparecem nos braços para lhe darem oi. Alongamentos feitos, já ficou horas demais na frente do monitor. Hora de mudar pra tv. Assiste alguns clipes, vê algum seriado e se diverte com aquele desenho amarelo. Come qualquer coisinha e aproveita pra trocar uma idéia com as mulheres da casa.
Lembra de coisas que andaram acontecendo, de como a vida era antes do acidente e até de sua infância e adolescência, que sempre vêm à tona. Se tem algo que ainda funciona bem é a sua memória. Essa não se abalou mesmo com a pancada. Lê a revista preferida, de informática, e ouve um pouco do que mais gosta no seu mp3.
Noite chegando, jantar se aproximando. A mesa é posta e as panelas vão ao fogo. O primo sempre correndo e jogando bola dentro de casa. A comida chega à sala de jantar e a família se reúne em torno dela. O primo cria caso e faz a mesma manha de sempre pra comer. As conversas variam entre as ameaças de castigo e as notícias do que aconteceu naquele dia pelo mundo.
Frutas vêm como sobremesa. A família encerra suas últimas degustações da noite. Os últimos restam sobre as cadeiras falando algumas coisas triviais. Mancando até o computador, ele volta a ser seu companheiro. Sua amada está online. Muitas letras, prosas e versos são trocados entre os dois, até o "beijo, boa noite, dorme bem.." O último vídeo de longboard visto no YouTube é fechado.
Com o joelho latejando, e as barbas já longas, seu último caminhar de hoje é até o quarto. O colchão está lá na mesma posição, junto com o pijama. O abajur acendido pela mãe continua lá também, iluminando. A porta do banheiro é encostada para a última escovação dental completa do dia ser feita. O frágil pedaço de fio dental, como sempre, está largado na pia. Os aparelhos já estão em sua boca.
Com cuidado, sai e fecha a porta. Olha as horas e apaga o abajur. Se abaixa devagar, e deita no colchão que está no chão, ao lado da cama de casal onde já dorme sua mãe. O zunido vindo do ouvido direito fica mais alto agora. Cobre-se com a mesma mantinha de todo dia, e a encosta nas feridas semi-cicatrizadas e borradas com pomada após o banho quente.
Agora só resta fechar os olhos, rezar, fazer aquele pedido especial e sonhar com a mesma coisa de todas as noites: que está junto dos amigos distantes e que o seu olfato voltou - permitindo a ele sentir novamente todo o cheiro bom do mundo com o qual ele sonha e inalá-lo inteirinho de uma vez.
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Mp3 da vez: Black Label Society - Stillborn
sexta-feira, abril 18, 2008
Besouros em maçãs?
Passado um pequeno período longo e turbulento, metálico, ozzyótico, kornítico, de sociedade rotulada negra, e ainda voador (e com direito a hematomas), li hoje um interessante tópico na Info Exame de fevereiro/2008 (pág.18) que considero merecedor de um textinho.
A internet é não só centro de entretenimento, mas também palco de muito trabalho, estudo e de ferramentas extremamente úteis, como os tradutores. Uma frase simples - e de impacto - pode demonstrar a capacidade desses utilitários e seus graus de inteligência artificial e vínculo com a realidade.
Experimente entrar com a frase (atenção às maiúsculas, elas fazem toda a diferença nesse caso!) "Steve Jobs was fired from Apple" (conseguiriam imaginar?) nos principais sítios virtuais que oferecem serviço de tradução. As conversões serão hilárias! - excluindo a do grande Google, futuro dominador do mundo e candidato à Deus.
Pois bem, no Windows Live Translator a frase em português fica "Steve Jobs foi ateado fogo de Apple". No Altavista/Babelfish "Os trabalhos de Steve foram ateados fogo de Apple". No Intertran, o coitado "Steve empregos era incendiado de Maçã". E já no Google Tradutor "Steve Jobs foi despedido da Apple".
Fica até difícil de acreditar em tanta proeza, mas assim é o tal do Google, em tudo. Ele foi criado para funcionar dessa maneira, e não é a toa que, a cada dia, a empresa só cresce mais e valoriza. Agora, se você não botar fé no que leu aqui (assim como eu quando li na revista), entre nos links e faça o teste por conta. É, no mínimo, divertido.
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Mp3 da vez: The Beatles - Strawberry Fields
A internet é não só centro de entretenimento, mas também palco de muito trabalho, estudo e de ferramentas extremamente úteis, como os tradutores. Uma frase simples - e de impacto - pode demonstrar a capacidade desses utilitários e seus graus de inteligência artificial e vínculo com a realidade.
Experimente entrar com a frase (atenção às maiúsculas, elas fazem toda a diferença nesse caso!) "Steve Jobs was fired from Apple" (conseguiriam imaginar?) nos principais sítios virtuais que oferecem serviço de tradução. As conversões serão hilárias! - excluindo a do grande Google, futuro dominador do mundo e candidato à Deus.
Pois bem, no Windows Live Translator a frase em português fica "Steve Jobs foi ateado fogo de Apple". No Altavista/Babelfish "Os trabalhos de Steve foram ateados fogo de Apple". No Intertran, o coitado "Steve empregos era incendiado de Maçã". E já no Google Tradutor "Steve Jobs foi despedido da Apple".
Fica até difícil de acreditar em tanta proeza, mas assim é o tal do Google, em tudo. Ele foi criado para funcionar dessa maneira, e não é a toa que, a cada dia, a empresa só cresce mais e valoriza. Agora, se você não botar fé no que leu aqui (assim como eu quando li na revista), entre nos links e faça o teste por conta. É, no mínimo, divertido.
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Mp3 da vez: The Beatles - Strawberry Fields
quarta-feira, abril 02, 2008
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Muita gente já virou pra mim, várias vezes, e me pediu um cigarro. Ou uma seda. Ou ainda quiseram me vender coisas do gênero. Depois de tantos anos, já até me acostumei. Deve ser a minha cara. O fato é: nunca nem aproximei um cigarro da boca.
Mas não sou tão "careta" assim, como são taxadas as pessoas que nada fumam ou bebem.. Curto lá uma cachacinha de vez em quando, e por que não tequila e caipirinha também? Chopp, só bem gelado e esporadicamente. Quem não bebe, não fuma ou não tem sequer um hábito não necessariamente saudável não é confiável.
Sei que agora, por ser taxativo, estou correndo o risco de ser taxado como radical, ou pior, maluco. Mas, pense bem. Uma pessoa que nunca experimentou qualquer tipo de substância que não seja sinônimo de saúde e bem estar ou que a tire de seu estado 100% normal (que às vezes já nem é tão normal assim), tem medo daquilo que pode encontrar no espelho. Se ela não confia em si mesma, como é que, eu, então, vou botar fé?
Não estou aqui, de forma alguma, querendo incentivar as pessoas a usarem qualquer tipo de substância nociva ou alucinógena. Só acho auto-covardia alguém nunca dar a chance de sua consciência, raciocínio e atitudes alcançarem um outro nível de lucidez em algum momento.
Sabemos por consenso que o desconhecido sempre foi motivo de estranhamento ou desconfiança. E o receio de arriscar, e não saber o que encontrar, é o que faz as pessoas manterem-se longe daquilo sobre o qual não tem domínio.
Isso pode até parecer papo de bebum ou drogado, mas não é. Isso aqui é papo de cabeça aberta. Isso aqui é uma apologia ao não radicalismo. Isso é conversa de quem sabe que, sem flexibilidade, não se vai ao longe. Isso é história de quem acha que uma história não tem uma só versão, um ponto de vista único e singular.
Em suma, isso é discurso de quem já foi muitas vezes rotulado de algo que não é, mas que também não condena nem se envergonharia se fosse, pois vergonha é não ter coragem de se confrontar com o novo.
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Mp3 da vez: Raul Seixas - Metamorfose Ambulante
Mas não sou tão "careta" assim, como são taxadas as pessoas que nada fumam ou bebem.. Curto lá uma cachacinha de vez em quando, e por que não tequila e caipirinha também? Chopp, só bem gelado e esporadicamente. Quem não bebe, não fuma ou não tem sequer um hábito não necessariamente saudável não é confiável.
Sei que agora, por ser taxativo, estou correndo o risco de ser taxado como radical, ou pior, maluco. Mas, pense bem. Uma pessoa que nunca experimentou qualquer tipo de substância que não seja sinônimo de saúde e bem estar ou que a tire de seu estado 100% normal (que às vezes já nem é tão normal assim), tem medo daquilo que pode encontrar no espelho. Se ela não confia em si mesma, como é que, eu, então, vou botar fé?
Não estou aqui, de forma alguma, querendo incentivar as pessoas a usarem qualquer tipo de substância nociva ou alucinógena. Só acho auto-covardia alguém nunca dar a chance de sua consciência, raciocínio e atitudes alcançarem um outro nível de lucidez em algum momento.
Sabemos por consenso que o desconhecido sempre foi motivo de estranhamento ou desconfiança. E o receio de arriscar, e não saber o que encontrar, é o que faz as pessoas manterem-se longe daquilo sobre o qual não tem domínio.
Isso pode até parecer papo de bebum ou drogado, mas não é. Isso aqui é papo de cabeça aberta. Isso aqui é uma apologia ao não radicalismo. Isso é conversa de quem sabe que, sem flexibilidade, não se vai ao longe. Isso é história de quem acha que uma história não tem uma só versão, um ponto de vista único e singular.
Em suma, isso é discurso de quem já foi muitas vezes rotulado de algo que não é, mas que também não condena nem se envergonharia se fosse, pois vergonha é não ter coragem de se confrontar com o novo.
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Mp3 da vez: Raul Seixas - Metamorfose Ambulante
Coisa de louco!
Após 22 - VINTE E DUAS - postagens, e 12 anos e 1 mês da morte dos saudosos e talentosos Mamonas Assassinas, paro para fazer uma observação lingüística aqui:
- Alguém já havia visto o adjetivo "meteórico(a)" ser usado antes da morte dos 5 músicos?
Porque eu nunca, senão para definir a carreira - meteórica - deles (nem eu consigo me segurar!), e interrompida pelo trágico destino.
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Mp3 da vez: Mamonas Assassinas - Sábado de Sol
- Alguém já havia visto o adjetivo "meteórico(a)" ser usado antes da morte dos 5 músicos?
Porque eu nunca, senão para definir a carreira - meteórica - deles (nem eu consigo me segurar!), e interrompida pelo trágico destino.
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Mp3 da vez: Mamonas Assassinas - Sábado de Sol
sexta-feira, março 14, 2008
Quem aqui não sabe que não é eterno?
Todos sabemos que a vida passa, e depressa. Envelhecemos sem perceber e antes do que queríamos muitas vezes. E nisso, a ansiedade de viver muitas vezes nos invade completamente. O querer fazer tudo duma vez. Aproveitando o gancho do cômico velhinho mortuário, "90% do que se faz é para partir mais rápido desse mundo" (confiram isso!).
Mas eu estou aqui para falar justamente o contrário. Venho declarar fascínio pelo próximo dia. A oportunidade de começar tudo de novo. O fazer melhor, a chance de viver evoluindo. É a questão de você deitar na cama e saber que amanhã tudo pode ser ainda mais surpreendente, que virão mais 24 horas para serem intensamente vividas e que darão continuidade a toda a ansiedade e expectativas criadas nas 24 horas passadas.
Felizmente, ao dormir conseguimos ter a quase-certeza de que o mundo ainda não vai acabar, e isso nos faz ter mais um dia para viver tudo de novo e mais um pouco, para tentar fazer melhor ainda. É mais um chance de testar aquela cantada que você não usou, declarar amor pelos seus pais, fazer companhia a um amigo que anda sumido, conhecer um amigo novo, terminar o livro que vinha lendo, começar um outro livro, escrever uma poesia, fazer arte, trocar de emprego, mudar de rumo, seguir com os planos da viagem, fechar um grande negócio, abrir uma empresa, investir numa nova ação, pedir desculpa, ajudar um desconhecido, compartilhar o amor, chorar de rir, viver momentos intensos, ver coisas inesquecíveis, ter uma grande idéia, tirar uma bela foto, ligar para aquela menina, beijar seus avós, agradecer pela sorte, perguntar-se o porquê de algumas coisas, comer sua comida preferida, ver um filmaço de bater palmas, fazer o esporte que mais gosta, ouvir a melhor música de todas e dançar mexendo o corpo inteiro.
É disso que eu estou falando: é continuar fazendo o que se vinha fazendo dando todas as chances de ser invadido pelo novo. É ter a experiência do adulto mas com o olhar surpreso e inquieto da criança. A audácia do jovem com a sabedoria da maturidade.
Enxergue cada amanhecer assim mesmo, e simplesmente assim. Saia da cama doido pra fazer um monte de coisas repetidas e inéditas. E vá pra cama louco para noite durar pra sempre - para que você possa recuperar todas as energias de que precisará para acordar maluco para viver o novo dia mais importante de todos.
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Mp3 da vez: Seu Jorge - Life On Mars?
Mas eu estou aqui para falar justamente o contrário. Venho declarar fascínio pelo próximo dia. A oportunidade de começar tudo de novo. O fazer melhor, a chance de viver evoluindo. É a questão de você deitar na cama e saber que amanhã tudo pode ser ainda mais surpreendente, que virão mais 24 horas para serem intensamente vividas e que darão continuidade a toda a ansiedade e expectativas criadas nas 24 horas passadas.
Felizmente, ao dormir conseguimos ter a quase-certeza de que o mundo ainda não vai acabar, e isso nos faz ter mais um dia para viver tudo de novo e mais um pouco, para tentar fazer melhor ainda. É mais um chance de testar aquela cantada que você não usou, declarar amor pelos seus pais, fazer companhia a um amigo que anda sumido, conhecer um amigo novo, terminar o livro que vinha lendo, começar um outro livro, escrever uma poesia, fazer arte, trocar de emprego, mudar de rumo, seguir com os planos da viagem, fechar um grande negócio, abrir uma empresa, investir numa nova ação, pedir desculpa, ajudar um desconhecido, compartilhar o amor, chorar de rir, viver momentos intensos, ver coisas inesquecíveis, ter uma grande idéia, tirar uma bela foto, ligar para aquela menina, beijar seus avós, agradecer pela sorte, perguntar-se o porquê de algumas coisas, comer sua comida preferida, ver um filmaço de bater palmas, fazer o esporte que mais gosta, ouvir a melhor música de todas e dançar mexendo o corpo inteiro.
É disso que eu estou falando: é continuar fazendo o que se vinha fazendo dando todas as chances de ser invadido pelo novo. É ter a experiência do adulto mas com o olhar surpreso e inquieto da criança. A audácia do jovem com a sabedoria da maturidade.
Enxergue cada amanhecer assim mesmo, e simplesmente assim. Saia da cama doido pra fazer um monte de coisas repetidas e inéditas. E vá pra cama louco para noite durar pra sempre - para que você possa recuperar todas as energias de que precisará para acordar maluco para viver o novo dia mais importante de todos.
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Mp3 da vez: Seu Jorge - Life On Mars?
sexta-feira, março 07, 2008
Pré-texto
Pela acepção 5 do Aurélio:
Estréia - A primeira apresentação de um espetáculo teatral ou de um filme.
Hoje fui ao cinema (novidade!). Noite de pré-estréia. O filme? Bem, isso é insignificante no momento (o filme também era). Muitas e muitas pessoas na fila. Sala praticamente lotada. Convites gratuitos. Sorteio de brindes. Lançamento mundial do filme. Primeira exibição. Isso não lhe parece uma.. estréia?
Pois então fica a pergunta: Como estrear de novo, amanhã, algo que já foi (previamente) estreado hoje?
Não sei.. esses paradoxos são demais para minha cabeça.
-
Mp3 da vez: Caetano Veloso - Outras Palavras
Estréia - A primeira apresentação de um espetáculo teatral ou de um filme.
Hoje fui ao cinema (novidade!). Noite de pré-estréia. O filme? Bem, isso é insignificante no momento (o filme também era). Muitas e muitas pessoas na fila. Sala praticamente lotada. Convites gratuitos. Sorteio de brindes. Lançamento mundial do filme. Primeira exibição. Isso não lhe parece uma.. estréia?
Pois então fica a pergunta: Como estrear de novo, amanhã, algo que já foi (previamente) estreado hoje?
Não sei.. esses paradoxos são demais para minha cabeça.
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Mp3 da vez: Caetano Veloso - Outras Palavras
quarta-feira, março 05, 2008
Narrativa discursiva ou discussão da narração?
Estava lá o notívago procurando o que fazer durante a noite.
- Não estava procurando o que fazer.
Estava lá o notívago fazendo algo durante a noite.
- Fazendo o quê? Seja mais específico.
Estava lá o notívago procurando o que fazer durante a noite.
- Cara, você já falou isso, está se repetindo.
Estava lá o notívago reclamando do que fazia durante a noite.
- Que que foi agora, vai ficar de joguinho?
Estava lá o notívago jogando durante a noite.
- Ah, parabéns, muito original você! Vai ficar me remedando agora..
Estava lá o notívago fazendo algo bem original durante a noite.
- Vou encarar como um elogio pra não me irritar.
Estava lá o notívago irritado pensando num elogio para fazer durante a noite.
- Olha, você como narrador dá um ótimo papagaio.
Estava lá o notívago falando feito um papagaio irritado durante a noite.
- Eu nem gosto tanto de falar. Pára com isso.
Estava lá o notívago parado feito um papagaio calado durante a noite.
- Na boa cara, eu não vou mais falar com você..
Estava lá o notívago mais na boa que um papagaio parado durante a noite.
- .
Estava lá o notívago mais na boa que um papagaio parado durante a noite.
- Háháhá.. te peguei, já entendi!! Se eu não falo, acabo com sua historinha criativa.
Peguei o papagaio notívago que entendi contando historinhas durante a noite criativa.
- Ah, pára por aí. Agora a noite que é criativa? Sem comentários.
Peguei o criativo papagaio notívago para fazer comentários por aí durante a noite.
- Chega cara, não quero mais brincar. Nem da noite eu gosto.. Você sabe que eu prefiro o dia!
OK. Também cansei de brincar durante a noite de fazer comentários notívagos por aí do meu papagaio preferido durante o dia.
-
Mp3 da vez: Wilson Simonal - Nem Vem Que Não Tem
- Não estava procurando o que fazer.
Estava lá o notívago fazendo algo durante a noite.
- Fazendo o quê? Seja mais específico.
Estava lá o notívago procurando o que fazer durante a noite.
- Cara, você já falou isso, está se repetindo.
Estava lá o notívago reclamando do que fazia durante a noite.
- Que que foi agora, vai ficar de joguinho?
Estava lá o notívago jogando durante a noite.
- Ah, parabéns, muito original você! Vai ficar me remedando agora..
Estava lá o notívago fazendo algo bem original durante a noite.
- Vou encarar como um elogio pra não me irritar.
Estava lá o notívago irritado pensando num elogio para fazer durante a noite.
- Olha, você como narrador dá um ótimo papagaio.
Estava lá o notívago falando feito um papagaio irritado durante a noite.
- Eu nem gosto tanto de falar. Pára com isso.
Estava lá o notívago parado feito um papagaio calado durante a noite.
- Na boa cara, eu não vou mais falar com você..
Estava lá o notívago mais na boa que um papagaio parado durante a noite.
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Estava lá o notívago mais na boa que um papagaio parado durante a noite.
- Háháhá.. te peguei, já entendi!! Se eu não falo, acabo com sua historinha criativa.
Peguei o papagaio notívago que entendi contando historinhas durante a noite criativa.
- Ah, pára por aí. Agora a noite que é criativa? Sem comentários.
Peguei o criativo papagaio notívago para fazer comentários por aí durante a noite.
- Chega cara, não quero mais brincar. Nem da noite eu gosto.. Você sabe que eu prefiro o dia!
OK. Também cansei de brincar durante a noite de fazer comentários notívagos por aí do meu papagaio preferido durante o dia.
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Mp3 da vez: Wilson Simonal - Nem Vem Que Não Tem
segunda-feira, março 03, 2008
Ponto de equilíbrio
Nossa real essência se compreende entre o reflexo de 2 imagens: aquilo que as pessoas pensam que somos e aquilo que nós mesmos pensamos ser.
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Mp3 da vez: Les Cowboys Fringants - Plus Rien
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Mp3 da vez: Les Cowboys Fringants - Plus Rien
Camarada
Tenha sempre em mente um bom adjetivo para si com a inicial do próprio nome. Isto pode fazer toda a diferença numa entrevista de emprego.
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Mp3 da vez: Puddle Of Mudd - Blurry
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Mp3 da vez: Puddle Of Mudd - Blurry
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
"Aquele abraço"
Quem sabe de mim sou eu, já dizia Gil em 69. Ahhh 69, meia-nove, nove e meia. Hora de começar a pensar em sair. Hora de ver que tem muita coisa pra ver. Hora de dormir? Não, não mesmo. São 4h em ponto agora e eu tô aqui, escrevendo, depois de já ter saído e visto.
Quem manda no meu sono sou eu. Mentira. Quando ele quiser, ele me apaga e eu nada faço. Aliás, apago. Mas continuo pensando. Fechei os olhos para o mundo mas não para mim. Continuo a ver o que falam. A ouvir o que pensam. E a falar o que vejo e escuto.
Quem sabe o que minha barriga vai comer sou eu mesmo. Desce um copo de coca e um biscoito de chocolate. E daí que eu acabei de tomar um "toddy"? Já foi, agora eu quero castanhas e torradas com manteiga. Eu já bebi e vou dormir e você que dirija corretamente. Aliás, digira tudo para o seu devido lugar. Se vira.
Quem sabe pra onde eu vou além de mim? Alguém aí sabe? Pode contar, eu não ligo. Porque já liguei várias vezes e hoje, cadê? Não estão aqui. Então não ligo mesmo. Quer saber? Me liga. Eu vou gostar. Eu posso não saber pra onde vou mas sei o que quero. Quando não sei o que quero, sei o que não quero, com certeza.
Quem se importa se eu não me importar? Acima da cota, importação é ilegal. O legal é importar-se. Se importe com algo que realmente importa. Não interessa se todos pensam que essa não seja a melhor maneira, essa maneira é sua. E se é sua, então já é maneiro. Tome nota, é importante.
Quem vai achar pra mim se eu mesmo não procurar? Estou sempre em busca, porque quando se encontra, logo vem outra coisa a ser alcançada. Ferramentas de busca. Busco os porquês das coisas. Pra onde irão as coisas senão pra lá? Se estão em movimento, aqui não vão ficar. Chega pra lá também. Tá apertado aqui já.
Quem pensa aqui sou eu. Pode deixar, eu me garanto. Aquelas coisas das quais falei, vem com garantia limitada, ou você acha que não? Tudo tem prazo de validade. Cada coisa vale um tanto de coisa. Uma coisa mais outra, dá numa terceira coisa. Melhor? Não necessariamente, diferente. O minimalismo diz que o menos diz mais. Vamos fazer ou dizer algo diferente?
Quem difere o bom do ruim, nesse caso, sou eu. Que diferença faz? Toda. Tudo conta. Faça as contas. Quem conta um conto sempre aumenta um ponto, que com mais um ponto, dá uma reta. A mesma que separa eu e você. Se ligar, fica "vocêu". Não liga, isso é o que EU penso. Quem tem que ligar não é você, sou eu. Sem mas. Sem mais nem menos.
Quem sente o que se passa aqui dentro sou eu. Posso não saber explicar claramente, mas eu sinto. E quem vai saber algum dia explicar precisamente o que sente? Estamos falando aqui, caros, de sentimentos. Isso não se explica, isso se sente. Está claro? E se não estiver falando de sentimentos, e sim de sensações, esqueça: elas não foram feitas para serem transcritas.
Quem tem o coração disparado, a perna bambeada e a cabeça martelada é o próprio. Escrevi tudo isso só pra chegar até aqui, não acredito. Se você chegou até aqui também, parabéns. Mas o coração continua sendo meu, a perna e a cabeça (ah, a cabeça!), idens. Essa galera aí sabe bem do que eu tô falando nessas linhas escritas - espero.
Quem sabe do que eu gosto ou com o que eu pareço sou eu. Eu dito as regras quando o assunto sou eu próprio. Não vem me dizer o que eu tenho que fazer. Eu sei. Não preciso de seita, doutrina, tutor, conselheiro ou pena. Preciso de amigos, amor, família, saúde e praia. Não vou estragar o clima falando de dinheiro nesse momento. Cala-te. E você?
Quem nasce na maré não acostuma com a serra. Quem respira maresia sufoca com neblina. Quem corre por gosto, não cansa. Quem deita ao sol, chuva só pra refrescar. Quem me dita, será julgado com a mesma imponência. Quem consente, cala. Quem olha, fulmina. Quem se surpreende, renasce. Quem rouba, em qualquer sentido, peca.
Quem tem a ver com eu querer um pouco de tudo? Se eu quero sonhar acordado, e dormir menos pra viver mais? Cada cabeça uma sentença e cada sentença muda o destino de uma cabeça. Cada um, acredite, é parte do outro. Pois sem o outro, somos só partes - incompletas. Não esconjure seus defeitos. Pratique suas qualidades. Não faça guerra, faça amor e catarse.
Quem vai dizer que é proibido assobiar e chupar cana? Escrever poesias e fazer esportes extremos? Gostar de desenho e documentário? Ouvir metal e Jorge Ben? Ser sério e insensato? Ser correto e contraditório? Amar e trair? Gostar e desquitar? Pacífico e caótico? Cabeludo e careca? Preto e branco? Pequeno e grande? Prestativo e egoísta? Ciumento e liberal? Porra-louca e justiceiro? Pacificador e arruaceiro? Ser muitos e ainda ser um? Pai, filho e espírito santo?
Quem sabe de mim sou eu.
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Mp3 da vez: Gilberto Gil - Aquele Abraço
Quem manda no meu sono sou eu. Mentira. Quando ele quiser, ele me apaga e eu nada faço. Aliás, apago. Mas continuo pensando. Fechei os olhos para o mundo mas não para mim. Continuo a ver o que falam. A ouvir o que pensam. E a falar o que vejo e escuto.
Quem sabe o que minha barriga vai comer sou eu mesmo. Desce um copo de coca e um biscoito de chocolate. E daí que eu acabei de tomar um "toddy"? Já foi, agora eu quero castanhas e torradas com manteiga. Eu já bebi e vou dormir e você que dirija corretamente. Aliás, digira tudo para o seu devido lugar. Se vira.
Quem sabe pra onde eu vou além de mim? Alguém aí sabe? Pode contar, eu não ligo. Porque já liguei várias vezes e hoje, cadê? Não estão aqui. Então não ligo mesmo. Quer saber? Me liga. Eu vou gostar. Eu posso não saber pra onde vou mas sei o que quero. Quando não sei o que quero, sei o que não quero, com certeza.
Quem se importa se eu não me importar? Acima da cota, importação é ilegal. O legal é importar-se. Se importe com algo que realmente importa. Não interessa se todos pensam que essa não seja a melhor maneira, essa maneira é sua. E se é sua, então já é maneiro. Tome nota, é importante.
Quem vai achar pra mim se eu mesmo não procurar? Estou sempre em busca, porque quando se encontra, logo vem outra coisa a ser alcançada. Ferramentas de busca. Busco os porquês das coisas. Pra onde irão as coisas senão pra lá? Se estão em movimento, aqui não vão ficar. Chega pra lá também. Tá apertado aqui já.
Quem pensa aqui sou eu. Pode deixar, eu me garanto. Aquelas coisas das quais falei, vem com garantia limitada, ou você acha que não? Tudo tem prazo de validade. Cada coisa vale um tanto de coisa. Uma coisa mais outra, dá numa terceira coisa. Melhor? Não necessariamente, diferente. O minimalismo diz que o menos diz mais. Vamos fazer ou dizer algo diferente?
Quem difere o bom do ruim, nesse caso, sou eu. Que diferença faz? Toda. Tudo conta. Faça as contas. Quem conta um conto sempre aumenta um ponto, que com mais um ponto, dá uma reta. A mesma que separa eu e você. Se ligar, fica "vocêu". Não liga, isso é o que EU penso. Quem tem que ligar não é você, sou eu. Sem mas. Sem mais nem menos.
Quem sente o que se passa aqui dentro sou eu. Posso não saber explicar claramente, mas eu sinto. E quem vai saber algum dia explicar precisamente o que sente? Estamos falando aqui, caros, de sentimentos. Isso não se explica, isso se sente. Está claro? E se não estiver falando de sentimentos, e sim de sensações, esqueça: elas não foram feitas para serem transcritas.
Quem tem o coração disparado, a perna bambeada e a cabeça martelada é o próprio. Escrevi tudo isso só pra chegar até aqui, não acredito. Se você chegou até aqui também, parabéns. Mas o coração continua sendo meu, a perna e a cabeça (ah, a cabeça!), idens. Essa galera aí sabe bem do que eu tô falando nessas linhas escritas - espero.
Quem sabe do que eu gosto ou com o que eu pareço sou eu. Eu dito as regras quando o assunto sou eu próprio. Não vem me dizer o que eu tenho que fazer. Eu sei. Não preciso de seita, doutrina, tutor, conselheiro ou pena. Preciso de amigos, amor, família, saúde e praia. Não vou estragar o clima falando de dinheiro nesse momento. Cala-te. E você?
Quem nasce na maré não acostuma com a serra. Quem respira maresia sufoca com neblina. Quem corre por gosto, não cansa. Quem deita ao sol, chuva só pra refrescar. Quem me dita, será julgado com a mesma imponência. Quem consente, cala. Quem olha, fulmina. Quem se surpreende, renasce. Quem rouba, em qualquer sentido, peca.
Quem tem a ver com eu querer um pouco de tudo? Se eu quero sonhar acordado, e dormir menos pra viver mais? Cada cabeça uma sentença e cada sentença muda o destino de uma cabeça. Cada um, acredite, é parte do outro. Pois sem o outro, somos só partes - incompletas. Não esconjure seus defeitos. Pratique suas qualidades. Não faça guerra, faça amor e catarse.
Quem vai dizer que é proibido assobiar e chupar cana? Escrever poesias e fazer esportes extremos? Gostar de desenho e documentário? Ouvir metal e Jorge Ben? Ser sério e insensato? Ser correto e contraditório? Amar e trair? Gostar e desquitar? Pacífico e caótico? Cabeludo e careca? Preto e branco? Pequeno e grande? Prestativo e egoísta? Ciumento e liberal? Porra-louca e justiceiro? Pacificador e arruaceiro? Ser muitos e ainda ser um? Pai, filho e espírito santo?
Quem sabe de mim sou eu.
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Mp3 da vez: Gilberto Gil - Aquele Abraço
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
Quem banca o que acredita, bota banca - acredito
Como sei que já estou distante dessas queridas linhas há um tempinho, vou compensar minha ausência contando pra vocês uma história. E melhor: uma história ilustrada com uma foto minha, ae!!
Era uma vez um poste. Um belo dia, dois homens chegaram e colocaram do seu lado um banco. Uma senhorita banco de madeira, na verdade. A banco, nunca antes havia visto um poste. Só conhecia serras, maçaricos, tábuas, serralheiros e marceneiros. O poste, só entendia de pombos, cachorros, coleiras, esquilos, pipoca, folhas, árvores e caminhantes. Entendia também um pouco de elétrica, física e luz.
O poste tinha uma vida ordinária. Começando pelo fato de nunca poder sair do lugar. Estava condicionado a ver, pelo resto de sua vida, a mesma paisagem. Embora não se queixasse também. Poderia ter sido colocado no meio de uma grande avenida, cheia de fumaça e buzina e, definitivamente, sua praia não era aquela. Gostava de natureza.
A banco saiu animada dos fundos da pequena casa onde fora feita. Não agüentava mais o barulho dos serrotes e a bateção dos martelos. Queria paz, sossego para si. Mas ainda não sabia o motivo de sua própria existência.. E não precisou de muito tempo também para descobrir. Assim que ficou pronta, três brutamontes vieram de uma vez só e já se acomodaram em seu colo. Agora ela sabia para que viera ao mundo: assentar transeuntes.
Chegou o dia da mudança: colocaram-na com jeito dentro do caminhão e a levaram até um parque. Mal as portas do baú se abriram, e ela, ansiosamente, já olhava afoita para o visual verde que a aguardava. Estava feliz por não ter ido parar num cemitério ou mesmo numa agência bancária (pensava que ia ser banco demais para sua cabeça!).
Foi então que colocaram a banco ao lado do poste. Para alegria dos dois. Foi como se seus santos tivessem se cruzado de primeira! - como falam. Ficavam torcendo para as pessoas pararem de passar logo por ali para que pudessem voltar a conversar sobre as estrelas, a chuva, o céu ensolarado, as folhas que caem das árvores, as flores que brotam em segredo, as formigas que só trabalham, as abelhas espevitadas, os cachorros mijões, as crianças eufóricas e as gordinhas com calça de ginástica. Tudo que acontecia à volta sempre virava motivo de riso.
Em 1 semana, os dois já estavam combinando de ir iluminar ciclovias no pacífico (só conheciam o mar pelo que falavam os pedestres), de assentar as pessoas na brisa do fim de tarde na praia de Ipanema, de ver corridas de esqui no inverno, de assistir um rali no deserto, de ver as curvas das Cordilheiras e de apreciar a cultura em praças da Europa. Não havia limites para os sonhos - como deve ser.
Já não incomodava em nada ao poste não poder sair do lugar. A banco já nem ligava mais em ter que receber uns 200kgs a cada meia hora. Eles encaravam tudo com muito bom humor, à espera do próximo instante sem corredores ou carrinhos de bebê à volta, para poderem voltar a bater papo e trocar confidências. E quando não tinham trégua, se entreolhar ou fazer uma discreta careta já era o bastante para quebrar a rotina.
À noite, por vezes, o poste ficava mais esquentadinho, mas nem assim deixavam de se divertir com as coisas da vida, com tudo que tinham presenciado naquele dia. Até que passaram por ali alguns homens com roupa da prefeitura. Não tinham a cara tão feliz quanto as pessoas da manhã. Eles tinham os braços fortes e lembravam inclusive as primeiras pessoas com quem a banquinho tivera contato na pequena fábrica de onde veio.
Dessa vez, a banco e o poste não precisaram se olhar ou falar qualquer coisa para saber o que estava por vir. Aqueles homens estavam tramando levá-la para outro lugar! Iriam tirá-la de perto do seu único e melhor amigo, com quem passou os últimos 17 anos. Tinham ordem de movê-la (e somente ela) do lugar onde esperava ficar por toda a vida, onde já era querida, conhecida e prestigiada. Ali, sentia-se útil e feliz e, vez ou outra, até em fotos aparecia. Não tinha o que reclamar.
O poste, tadinho.. já não conseguia servir nem de apoio aos maratonistas que paravam para tomar ar, já se irritava com todo e qualquer cachorrinho que chegava perto, não se empolgava mais com os casais que paravam por ali para namorar e nem sequer se apagava no meio da madrugada para observar melhor as estrelas com a companheira. Tudo estava muito sem graça.
Foi então que, numa atitude extremada e corajosa, a banco resolveu se declarar e abrir mão da sua liberdade em nome do seu grande amor.
- Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira! - exclamou a, agora, Senhora Banco.
A cena romântica, flagrada em 01/09/2007 no Parque das Cataratas de Montmorency - QC, Canadá
-
Mp3 da vez: Titãs - Lugar Nenhum
Era uma vez um poste. Um belo dia, dois homens chegaram e colocaram do seu lado um banco. Uma senhorita banco de madeira, na verdade. A banco, nunca antes havia visto um poste. Só conhecia serras, maçaricos, tábuas, serralheiros e marceneiros. O poste, só entendia de pombos, cachorros, coleiras, esquilos, pipoca, folhas, árvores e caminhantes. Entendia também um pouco de elétrica, física e luz.
O poste tinha uma vida ordinária. Começando pelo fato de nunca poder sair do lugar. Estava condicionado a ver, pelo resto de sua vida, a mesma paisagem. Embora não se queixasse também. Poderia ter sido colocado no meio de uma grande avenida, cheia de fumaça e buzina e, definitivamente, sua praia não era aquela. Gostava de natureza.
A banco saiu animada dos fundos da pequena casa onde fora feita. Não agüentava mais o barulho dos serrotes e a bateção dos martelos. Queria paz, sossego para si. Mas ainda não sabia o motivo de sua própria existência.. E não precisou de muito tempo também para descobrir. Assim que ficou pronta, três brutamontes vieram de uma vez só e já se acomodaram em seu colo. Agora ela sabia para que viera ao mundo: assentar transeuntes.
Chegou o dia da mudança: colocaram-na com jeito dentro do caminhão e a levaram até um parque. Mal as portas do baú se abriram, e ela, ansiosamente, já olhava afoita para o visual verde que a aguardava. Estava feliz por não ter ido parar num cemitério ou mesmo numa agência bancária (pensava que ia ser banco demais para sua cabeça!).
Foi então que colocaram a banco ao lado do poste. Para alegria dos dois. Foi como se seus santos tivessem se cruzado de primeira! - como falam. Ficavam torcendo para as pessoas pararem de passar logo por ali para que pudessem voltar a conversar sobre as estrelas, a chuva, o céu ensolarado, as folhas que caem das árvores, as flores que brotam em segredo, as formigas que só trabalham, as abelhas espevitadas, os cachorros mijões, as crianças eufóricas e as gordinhas com calça de ginástica. Tudo que acontecia à volta sempre virava motivo de riso.
Em 1 semana, os dois já estavam combinando de ir iluminar ciclovias no pacífico (só conheciam o mar pelo que falavam os pedestres), de assentar as pessoas na brisa do fim de tarde na praia de Ipanema, de ver corridas de esqui no inverno, de assistir um rali no deserto, de ver as curvas das Cordilheiras e de apreciar a cultura em praças da Europa. Não havia limites para os sonhos - como deve ser.
Já não incomodava em nada ao poste não poder sair do lugar. A banco já nem ligava mais em ter que receber uns 200kgs a cada meia hora. Eles encaravam tudo com muito bom humor, à espera do próximo instante sem corredores ou carrinhos de bebê à volta, para poderem voltar a bater papo e trocar confidências. E quando não tinham trégua, se entreolhar ou fazer uma discreta careta já era o bastante para quebrar a rotina.
À noite, por vezes, o poste ficava mais esquentadinho, mas nem assim deixavam de se divertir com as coisas da vida, com tudo que tinham presenciado naquele dia. Até que passaram por ali alguns homens com roupa da prefeitura. Não tinham a cara tão feliz quanto as pessoas da manhã. Eles tinham os braços fortes e lembravam inclusive as primeiras pessoas com quem a banquinho tivera contato na pequena fábrica de onde veio.
Dessa vez, a banco e o poste não precisaram se olhar ou falar qualquer coisa para saber o que estava por vir. Aqueles homens estavam tramando levá-la para outro lugar! Iriam tirá-la de perto do seu único e melhor amigo, com quem passou os últimos 17 anos. Tinham ordem de movê-la (e somente ela) do lugar onde esperava ficar por toda a vida, onde já era querida, conhecida e prestigiada. Ali, sentia-se útil e feliz e, vez ou outra, até em fotos aparecia. Não tinha o que reclamar.
O poste, tadinho.. já não conseguia servir nem de apoio aos maratonistas que paravam para tomar ar, já se irritava com todo e qualquer cachorrinho que chegava perto, não se empolgava mais com os casais que paravam por ali para namorar e nem sequer se apagava no meio da madrugada para observar melhor as estrelas com a companheira. Tudo estava muito sem graça.
Foi então que, numa atitude extremada e corajosa, a banco resolveu se declarar e abrir mão da sua liberdade em nome do seu grande amor.
- Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira! - exclamou a, agora, Senhora Banco.
A cena romântica, flagrada em 01/09/2007 no Parque das Cataratas de Montmorency - QC, Canadá
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Mp3 da vez: Titãs - Lugar Nenhum
sábado, fevereiro 09, 2008
Todo carnaval tem seu fim
Hoje fiquei triste por fazer triste uma pessoa feliz
Uma pessoa que radia felicidade
e que para minha infelicidade
Magoou-se por culpa do meu egoísmo.
Egoísmo não calculado, mas sabido
Uma jogada arriscada
que acabaria em tristeza
E incompreensão do narcisismo.
Fui julgado por uma traição antecipada
que na verdade nunca existiu
Acusado de uma ilusão malcriada
delatado por puro preciosismo.
Já me redimi pela mágoa provocada
Pela real falta de cavalheirismo
Às vezes as coisas simplesmente acontecem
E falta controle sobre nosso imediatismo.
-
Mp3 da vez: Sabonetes - Se Não Der Não Deu
Uma pessoa que radia felicidade
e que para minha infelicidade
Magoou-se por culpa do meu egoísmo.
Egoísmo não calculado, mas sabido
Uma jogada arriscada
que acabaria em tristeza
E incompreensão do narcisismo.
Fui julgado por uma traição antecipada
que na verdade nunca existiu
Acusado de uma ilusão malcriada
delatado por puro preciosismo.
Já me redimi pela mágoa provocada
Pela real falta de cavalheirismo
Às vezes as coisas simplesmente acontecem
E falta controle sobre nosso imediatismo.
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Mp3 da vez: Sabonetes - Se Não Der Não Deu
segunda-feira, janeiro 28, 2008
Aproveitando a onda..
Resolvi democratizar ainda mais esse espaço e abrir uma enquete para que o pessoal possa deixar registrado agora mesmo qual das beldades abaixo mais agradou quando teve a presença de espírito de cortar franja. Vamos lá!
(utilizem o espaço dos comentários do blog para sugerir outras famosas para uma 2a rodada)
(utilizem o espaço dos comentários do blog para sugerir outras famosas para uma 2a rodada)
terça-feira, janeiro 22, 2008
Força na "piruca"!
O que Daniele Suzuki, Ivete Sangalo e Aline Moraes teriam em comum?
Certamente não seria a idade. Muitos podem vir com repostas imediatas (e totalmente aplicáveis): “tratam-se de 3 celebridades”, ou melhor, “são 3 brasileiras lindas, famosas e morenas...”. Certo, certo, estou de acordo.
Mas, atualmente, há algo de mais poderoso em seus visuais que as colocam dentro de um mesmo conjunto interseção. Alguém saberia dizer? Mais alguém aí fanático por algo localizado entre os olhos e o cabelo propriamente dito?
É meu amigo, se você estava pensando em franja desde o começo, estava mais do que certo. É essa coisa de apenas 6 letrinhas que faz a beleza de muitas mulheres simplesmente decolar, e os olhos dos sujeitos saltarem além da imaginação.
Aliás, convenhamos aqui, cabelo é tudo. Ele pode transformar qualquer simples mortal numa deusa apaixonante. É totalmente compreensível que mulheres gastem horas de sua semana se penteando, indo ao cabeleireiro ou ainda fazendo mil e uma inovações em suas cabeças para um evento. Elas sabem, melhor do que nós, o poder que seus cabelos têm.
Sansão já sabia. E se não sabia, Dalila logo soube.
É normal que toda celebridade (aliás, celebridades e anônimos(as) também) mude seu visual algumas, ou várias, vezes ao longo de suas vidas. E por onde a mudança sempre começa meus caros? Ponto pra quem disse “na cabeleira!!” É, sem dúvida, o jeito mais fácil e mais notável de parecer diferente; sem contar, o mais barato.
O cabelo diz muito sobre uma pessoa. O cabelo pode demonstrar esmero, relaxamento, vaidade, rebeldia, preocupação com a moda, desleixo, saúde, fraqueza, idade, condição social, raça, tribo, credo, e até gosto musical.
Veja David Bowie, Jennifer Lopez e, talvez, a insuperável Madonna. Você seria capaz de dizer quantas vezes eles já tiveram seu visual modificado, e geralmente pela mudança da cor ou do corte do cabelo? Acho que não.. Esses camaleões (aqui estou estendendo aos 3 o apelido de Bowie) sabiam muito bem o que estavam fazendo ao entregarem suas madeixas às tesouras.
O que que você acha então de uma banda que se lança com o nome de Scissor Sisters? No mínimo, muito esperta! Assim como toda mulher, que tem plena consciência de seus atos ao colocar sua maior arma de sedução na mão de um profissional – ainda mais se pedir: “Zorzji, corta franja”.
-
Mp3 da vez: Elba Ramalho – Tesoura do Desejo
Certamente não seria a idade. Muitos podem vir com repostas imediatas (e totalmente aplicáveis): “tratam-se de 3 celebridades”, ou melhor, “são 3 brasileiras lindas, famosas e morenas...”. Certo, certo, estou de acordo.
Mas, atualmente, há algo de mais poderoso em seus visuais que as colocam dentro de um mesmo conjunto interseção. Alguém saberia dizer? Mais alguém aí fanático por algo localizado entre os olhos e o cabelo propriamente dito?
É meu amigo, se você estava pensando em franja desde o começo, estava mais do que certo. É essa coisa de apenas 6 letrinhas que faz a beleza de muitas mulheres simplesmente decolar, e os olhos dos sujeitos saltarem além da imaginação.
Aliás, convenhamos aqui, cabelo é tudo. Ele pode transformar qualquer simples mortal numa deusa apaixonante. É totalmente compreensível que mulheres gastem horas de sua semana se penteando, indo ao cabeleireiro ou ainda fazendo mil e uma inovações em suas cabeças para um evento. Elas sabem, melhor do que nós, o poder que seus cabelos têm.
Sansão já sabia. E se não sabia, Dalila logo soube.
É normal que toda celebridade (aliás, celebridades e anônimos(as) também) mude seu visual algumas, ou várias, vezes ao longo de suas vidas. E por onde a mudança sempre começa meus caros? Ponto pra quem disse “na cabeleira!!” É, sem dúvida, o jeito mais fácil e mais notável de parecer diferente; sem contar, o mais barato.
O cabelo diz muito sobre uma pessoa. O cabelo pode demonstrar esmero, relaxamento, vaidade, rebeldia, preocupação com a moda, desleixo, saúde, fraqueza, idade, condição social, raça, tribo, credo, e até gosto musical.
Veja David Bowie, Jennifer Lopez e, talvez, a insuperável Madonna. Você seria capaz de dizer quantas vezes eles já tiveram seu visual modificado, e geralmente pela mudança da cor ou do corte do cabelo? Acho que não.. Esses camaleões (aqui estou estendendo aos 3 o apelido de Bowie) sabiam muito bem o que estavam fazendo ao entregarem suas madeixas às tesouras.
O que que você acha então de uma banda que se lança com o nome de Scissor Sisters? No mínimo, muito esperta! Assim como toda mulher, que tem plena consciência de seus atos ao colocar sua maior arma de sedução na mão de um profissional – ainda mais se pedir: “Zorzji, corta franja”.
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Mp3 da vez: Elba Ramalho – Tesoura do Desejo
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Coisa pras próximas vidas
Se eu pudesse escolher, na próxima vida queria voltar um porco. Um porco livre e promíscuo.
Se você se assustou, pesquise, um pouquinho que seja, sobre a vida sexual dele.
Depois então você volta aqui e a gente conversa; óinc?
-
Mp3 da vez: Mamonas Assassinas - Mundo Animal
Se você se assustou, pesquise, um pouquinho que seja, sobre a vida sexual dele.
Depois então você volta aqui e a gente conversa; óinc?
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Mp3 da vez: Mamonas Assassinas - Mundo Animal
sexta-feira, janeiro 11, 2008
Ah-lá-lá-ô-ô-ôôô-ô-ô..
..MAS QUE CALOOOR-Ô-ôôô-ô-ô!
A marchinha é de carnaval.. o período também, ou quase. Mas o clima é de Saara.
Esse meu Rio de Janeiro não dá trégua não. Me recuso a ficar no PC.. "mal ae"!!
-
Mp3 da vez: Jorge Ben Jor - Take It Easy, My Brother Charles
A marchinha é de carnaval.. o período também, ou quase. Mas o clima é de Saara.
Esse meu Rio de Janeiro não dá trégua não. Me recuso a ficar no PC.. "mal ae"!!
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Mp3 da vez: Jorge Ben Jor - Take It Easy, My Brother Charles
terça-feira, janeiro 08, 2008
Papel e caneta à prova d'água
Da onde vem a tal dessa inspiração? O que leva alguém a ter um estalo na cabeça, um peteleco nos neurônios, um sopro da cigarra nos ouvidos? É muito louco isso. Você estar levando, vivendo sua vida normalmente e, do nada, no meio de uma ação, uma idéia brotar na sua cabeça.
Veja eu, por exemplo. Adoro o banheiro, mais especificamente o banho. Cara, na boa, banho é deveras bom. Aliás, é do cacete mesmo. É o momento. Minhas idéias adoram me assolar durante ele. Quando abro a torneira, não é só água que vem do chuveiro não companheiro. Começam a chover idéias na minha cabeça. Vem caindo tudo de uma vez!
Vou inventar um papel e uma caneta à prova d'água. Não é possível essa agonia de toda hora ter que sair me secando e repetindo mentalmente - e até em voz alta! - as idéias que tive, para elas não escaparem pelo ralo. Isso não é vida não minha gente.
Queria entender o que que é, e por que, isso. Será a ausência de roupas? Será que é o estar sozinho? Será que é a massagem capilar? Serão os azulejos? Será o contato com á água? O cenário? Tudo junto?
- E você aí, não ri não! Sério. Que que eu posso fazer? É lá dentro do box que a galera resolver sacudir meu cerebelo ué.
Podia ser pior. Aposto que tem gente aí que tá lendo, tá rindo de mim, mas que quando dá uma sentada no trono lá fica cheio de idéia também. Por que não? As coisas saem. As coisas entram. Pegando carona numa idéia emprestada, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Em que momento será que o Lavoisier teve essa inspiração?
Acho que essas coisas legais tem hora certa não. Inspiração não tem hora, não tem pontualidade, não tem endereço. Ela vem muitas vezes sem estar sendo esperada, sem ter sido convidada e sem pedir licença. Chega zoando tudo. Tá nem aí. O malandro que se vire para aproveitá-la.
É sério cara. Abre teu olho, porque se você vacilar, do mesmo jeito que a maluca, a fora de controle daquela inspiração chega, na correria, passa batida, sem a camisa de força, e sabe-se lá se terá a pachorra de dar as caras novamente nas imediações.
E quer saber? Eu tenho vergonha de nada também não. Eu já aprendi desde garoto no Castelo Ratimbum que "banho é bom; banho é bom demais". Como já dissera uma vez no meu antigo blog, vergonha é não ter um papel e uma caneta na mão quando se tem uma boa idéia..
-
Mp3 da vez: Alice in Chains - Man In The Box
Veja eu, por exemplo. Adoro o banheiro, mais especificamente o banho. Cara, na boa, banho é deveras bom. Aliás, é do cacete mesmo. É o momento. Minhas idéias adoram me assolar durante ele. Quando abro a torneira, não é só água que vem do chuveiro não companheiro. Começam a chover idéias na minha cabeça. Vem caindo tudo de uma vez!
Vou inventar um papel e uma caneta à prova d'água. Não é possível essa agonia de toda hora ter que sair me secando e repetindo mentalmente - e até em voz alta! - as idéias que tive, para elas não escaparem pelo ralo. Isso não é vida não minha gente.
Queria entender o que que é, e por que, isso. Será a ausência de roupas? Será que é o estar sozinho? Será que é a massagem capilar? Serão os azulejos? Será o contato com á água? O cenário? Tudo junto?
- E você aí, não ri não! Sério. Que que eu posso fazer? É lá dentro do box que a galera resolver sacudir meu cerebelo ué.
Podia ser pior. Aposto que tem gente aí que tá lendo, tá rindo de mim, mas que quando dá uma sentada no trono lá fica cheio de idéia também. Por que não? As coisas saem. As coisas entram. Pegando carona numa idéia emprestada, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Em que momento será que o Lavoisier teve essa inspiração?
Acho que essas coisas legais tem hora certa não. Inspiração não tem hora, não tem pontualidade, não tem endereço. Ela vem muitas vezes sem estar sendo esperada, sem ter sido convidada e sem pedir licença. Chega zoando tudo. Tá nem aí. O malandro que se vire para aproveitá-la.
É sério cara. Abre teu olho, porque se você vacilar, do mesmo jeito que a maluca, a fora de controle daquela inspiração chega, na correria, passa batida, sem a camisa de força, e sabe-se lá se terá a pachorra de dar as caras novamente nas imediações.
E quer saber? Eu tenho vergonha de nada também não. Eu já aprendi desde garoto no Castelo Ratimbum que "banho é bom; banho é bom demais". Como já dissera uma vez no meu antigo blog, vergonha é não ter um papel e uma caneta na mão quando se tem uma boa idéia..
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Mp3 da vez: Alice in Chains - Man In The Box
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Não pense muito
Se você ficar pensando muito
você não entra debaixo da ducha fria
você não pula de pára-quedas
assim como também não rouba o beijo da sua melhor amiga.
Se você ficar pensando muito
você não dança como gostaria
você não canta alto o bastante
e também não liga praquela pessoa que tanto dá saudade.
Se você ficar pensando muito
você não aceita uma proposta indecente mas tentadora
você não prova comidas diferentes
e corre o risco de não fazer novos amigos.
Se você ficar pensando muito
você não comemora o gol como deveria
você não se joga naquela ladeira dos sonhos
e não conhece outros países distantes.
Se você ficar pensando muito
você não abre seu próprio negócio
você não enfrenta seus medos
e deixa pra um dia qualquer aquele lance do agora.
Se você ficar pensando muito
você não nada contra a correnteza
você não vai a uma praia de nudismo
e acaba sendo mais um a seguir a moda.
Se você ficar pensando muito
você tende a ficar chato e pensativo
você pode acabar não fazendo
e só pensando mesmo.
Se você ficar pensando muito
você envelhece pensando no que poderia ter feito.
-
Mp3 da vez: Alanis Morissette - You Learn
você não entra debaixo da ducha fria
você não pula de pára-quedas
assim como também não rouba o beijo da sua melhor amiga.
Se você ficar pensando muito
você não dança como gostaria
você não canta alto o bastante
e também não liga praquela pessoa que tanto dá saudade.
Se você ficar pensando muito
você não aceita uma proposta indecente mas tentadora
você não prova comidas diferentes
e corre o risco de não fazer novos amigos.
Se você ficar pensando muito
você não comemora o gol como deveria
você não se joga naquela ladeira dos sonhos
e não conhece outros países distantes.
Se você ficar pensando muito
você não abre seu próprio negócio
você não enfrenta seus medos
e deixa pra um dia qualquer aquele lance do agora.
Se você ficar pensando muito
você não nada contra a correnteza
você não vai a uma praia de nudismo
e acaba sendo mais um a seguir a moda.
Se você ficar pensando muito
você tende a ficar chato e pensativo
você pode acabar não fazendo
e só pensando mesmo.
Se você ficar pensando muito
você envelhece pensando no que poderia ter feito.
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Mp3 da vez: Alanis Morissette - You Learn
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