Por que os textos aqui devem ser sempre exclusivamente meus?
Não.. democratizemos!
É hora d'eu prestar uma homenagem ao tão crucificado estado de SC, que sofreu demais com tanta água vinda dos céus no último mês. E para isso, publico hoje um texto que recebi por email. Sua autoria é atribuída a um argentino (anônimo, infelizmente), que o escrevera num momento semelhante ao nosso, mas no território dos nossos hermanos.
Deixo minha condolência aos queridos catarinenses e um abraço para o leitores fiéis do CouL - e que não tolais vós o desejo de ajudar o próximo!
(quem se interessar mais pela questão, por favor me sinaliza e encaminho diretamente o tocante email completo, com os relatos da nossa Santa Catarina por Joice Stanke Schneider)
-
COMEÇAR DE NOVO
Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.
Anônimo
-
Mp3 da vez: Caetano Veloso - Haiti [Ao Vivo]
Que bonito esse texto!
ResponderExcluirRealmente essas tragédias, como enchentes por exemplo, nos ensinam muitas lições, uma delas é que por mais que nossa vida esteja estável, algo pode mudar e temos que estar com o coração forte e preparado e não nos apegar à coisas sem importância, são nessas tragédias que as pessoas percebem que responsabilidade social é um dever de todos, o governo sozinho não vai conseguir reconstruir a vida de tantas pessoas, o povo inteiro tem que dar as mãos para que possamos começar denovo.
Beijão!!!
Show... A mais pura verdade. Resumindo: só damos valor ao que temos quando não temos mais. É da natureza do ser humano, nunca se contentar com o momento, com o que tem e quem está em sua vida. Tenho até uma sugestão... Ao invés de pagarmos os 5 bilhões (do nosso bolso) pra cobrir o calote dado pelos nossos vizinhos, desviem para SC. O Lula que pare de comer sonho de valsa e pague ele a dívida.
ResponderExcluirLegal vc ter colocado no seu blog, um texto q diz tanto num momento tao dificil que todos nós estamos passando, digo nós, pq quem se comoveu, quem ajudou, quem se abalou, tambem sofreu junto, e é tao bom ver que no meio do caos apareceram pessoas do mal, mas que as do bem foram muito muito maiores e com certeza puderam dar sua força e ajudar a superar esse momento tao triste em que os Catarinenses passaram. Viva o povo brasileiro!!!!!
ResponderExcluir