quarta-feira, outubro 15, 2008

Hoje é dia de longas críticas expositivas

Estava eu na recepção do consultório, aguardando minha vez, quando abro a Veja e leio um interessante texto do Millôr sobre automobilismo e os dias atuais. Me chamou a atenção a posição do autor acerca da tecnologia e o artificialismo que algumas coisas, como as corridas, passaram a ter atualmente em função de tanto avanço.

Na tevê, ele diz que o piloto limita-se a "um pedaço de capacete visto por trás, que pode ser de qualquer um". Ao vivo, "apenas bólidos de brinquedo passando", e que é uma tela que mostra, em "numerinhos eletrônicos", quem está a frente.

De fato, a modernidade tem nos tirado os grandes sabores da vida. Bandas, por exemplo, põem ruídos em suas faixas para reproduzirem o nostálgico característico som do vinil. Na lanchonete, não adianta pedir "capricha!" porque o andróide que está servindo cumpre ordens e todos os molhos e ingredientes seguem rígidas padronizações globais que não permitem que a quantidade da batata ou o peso do sanduíche possam ser alterados, e nem que a casquinha possa vir com uma volta a mais. E a indústria anda tão ética que, para não prejudicar o seu consumidor aumentando o preço de seus produtos, diminui o conteúdo das embalagens.

Paciência. Faz tempo, na verdade, que queria escrever esse texto e compartilhar com você, companheiro leitor, um pouco das indagações cotidianas que vêm me afligindo. Fiz uma espécie de pesquisa (que resumiu-se a anotar fatos observados num velho caderninho durante alguns meses) na qual enumerei uma série de fatos atuais que me chocam ou, no mínimo, intrigam meu bom-senso, e fazem-me ver o quanto os valores mundanos estão completamente invertidos.

Já que falei de indústria, comecemos por uma água de côco curiosa que me foi dada como brinde numa dessas feiras e exposições de shopping. Ela vinha em caixinha (até aí ainda vai, pois vivemos no mundo dos sucos e das coisas em caixinha, já me acostumei), mas essa era filtrada e destilada! Não é fantástico? Impossível resistir e ficar sem tomá-la depois de ler isso. Na verdade, é o mínimo que se espera, hoje, de uma água de côco em caixinha e antenada com as últimas tendências. Fica mais divertido pensar na gama de opções existentes quando você oferece cerveja para um amigo e ele responde "não, obrigado, prefiro destilados".

Mas digo que isso não é nada perto do que li agora, enquanto escrevia. Fui até o Deus Google e digitei "água de côco destilada" (procurando mais embasamento para o meu texto). O que encontrei? "CE desenvolve água-de-coco em pó". Melhor que isso só quando dei de cara, há alguns anos, com a notícia do lançamento do ovo sem colesterol (e também em pó)! O pioneiro leite em pó já é banal.

Continuando, até onde lembro, o fio-dental, por exemplo, propunha-se a remover resíduos entre os dentes. E quando é ele que, depois de duas passadas, desfia e prende entre os dentes, incomodando mais do que o pedaço de carne que já estava lá? O que pensar da camisinha aprovada pelo Inmetro que, mesmo depois de submetida a rígidos testes de resistência e elasticidade, é colocada corretamente e rompe-se? Nada demais. Ela só serviria para evitar a gravidez e a transmissão de doenças sérias.

Acontece. Não dá para "levar tudo a ferro e fogo". Tudo isso é possível (e comum já) num mundo onde universidades e instituições promovem cursos de Gestão de Pessoas (adoro esse termo: "gestão"! Simplesmente se enquadra em qualquer coisa que você queira, experimente!); onde você põe na MTV e, o dia todo, passa qualquer coisa menos música (o nome dela deveria ser ATV - Anything Television); onde a promoção da rádio consiste no ouvinte mandar para lá o horário em que ouviu a última da Britney Spears e quantas "cacarejadas" (é esse o termo usado) ela deu durante a música; onde a mesma rádio, em seu programa de tevê, sujeita mulheres esculturais de biquíni a comer pedaços cozidos de sola de sapato (usado) para ver qual delas tem mais disposição (e mais silicone no cérebro).

Melhor que isso é trocar de canal e ver o telejornal nacional dizendo que as bolsas de Nova Iorque estão na pior crise desde a quebra em 1929 (e com isso o dólar, ao invés de desvalorizar, fica mais caro - nunca vou entender), que o aumento da inflação anual do Real não cessa, que por aqui já estão importando água, e ver imagens de pessoas passando fome nas ruas e sertões d'um país tropical, de terras extremamente férteis e com tradição agrícola como o nosso. É preferível esperar terminar o bloco da economia e ver no próximo que São Paulo registrou engarrafamento recorde mais uma vez e que, no entanto, 800 novos carros entram em circulação em suas ruas diariamente.

Obs.: Falando em carros, capitalismo e compulsividade consumista, tem coisa mais avançada do que em meados do ano corrente você já poder comprar um carro do ano seguinte?

"Faz parte", como já dizia um dos participantes do programa Big Brother Brasil (a propósito, por que não escrevem logo Brasil com Z duma vez, se é pra usar estrangeirismos? Fica tão mais "cool and brazilian"). Nesse mesmo programa, que bate recordes de audiência todo ano e já se encaminha para a 9ª edição (creio sermos o país a ter ido mais longe com essa brincadeira), os fiéis telespectadores devem ligar para números de telefone iniciados por 0300 para votar em quem deve sair no "paredão". Incrível! Pra que ganhar dinheiro só com a audiência, patrocínio e publicidade (dentre outros) se também dá para explorar os alienados que querem ligar e participar desse circo? Afinal, liga quem quer (lembre-se que até certa edição do programa todas as linhas para este fim eram 0800 - mas isso também era no tempo em que o interesse de que a pessoa assistisse o BBB, e participasse, era da emissora).

E se a tevê pode abusar, por que não, os bancos e outros números de suporte? É só observar quantos serviços ainda têm números de atendimento gratuitos à disposição do cliente. E pior, há ainda uma nova categoria nesta modalidade; quando não são os 0300 que substituem os 0800, surgem os 4004. Eles são os novos "dígitos mágicos" (porém não menos taxados). E o mais cômico de tudo é, sem dúvida, os tele-atendimentos que possuem duas opções diferenciadas: as iniciadas por 4004, para capitais e regiões metropolitanas, e por 0800 para o restante. Faz sentido! Quem pode dar-se o luxo de morar numa capital, ou próximo a ela, tem mais dinheiro e tem que pagar mais.

Justo. Mas nem só de absurdos é feito o mundo, e o país. Existem leis também para salvaguardar as pessoas e assegurar seus direitos. Por exemplo, eleitores (não disse todos, somente eleitores, ou seja, obrigatoriamente aqueles com 18 anos ou mais - ou quem já pode ser preso, como preferir) não podem ser detidos no período compreendido dos 5 dias que antecedem as eleições aos 2 que a seguem (salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou por desrespeito a salvo-conduto. Ufa!). Quem foi esperto aproveitou essa semaninha de folga para exercer a cidadania e, livre, aplicar atos de democracia pelas ruas. Muito bem!

Semanas antes, na minha recente ida a europa, entrei numa daquelas grandes lojas de música, livros e filmes em Amsterdam. Procurei os cds do Pearl Jam, procurei, e não conseguia achar. Até que resolvi pedir ajuda a uma funcionária, que disse: "temos sim, mas não ficam aqui (na seção de rock), é n'outro andar, na seção 'pop'". E lá fui eu, desolado, e sem mais tesão de ver o preço. No caminho, uma surpresa boa: o filme Central do Brasil, e em promoção! Sempre bom ver o que é nosso cruzando fronteiras e barreiras. Mas, como dizem, "alegria de pobre dura pouco" e descobri que seu título internacional em inglês é Central Station - afinal Brasil é totalmente suprimível nesse caso. Diria até que é apenas um mero detalhe, um enfeite no título, que por acaso origina-se do nome próprio da estação verdadeira, onde se passa o filme, na cidade do Rio de Janeiro.

E falando em música e cinema, lembrei de shows (categoria na qual enquadram-se peças, danças, espetáculos musicais, etc) que, hoje em dia, têm a venda dos seus ingressos atrelada a uma curiosa prática. Dispondo de duas tarifas, inteira e meia, a venda desta última é feita geralmente para estudantes, maiores de 65 anos e para aqueles que levem 1kg de alimento no dia do evento. Vai dizer que não é no mínimo engraçado colocar tão distintos e amplos públicos na mesma categoria? E o mais cômico dessa história ainda está por vir: a tarifa integral é oferecida por um preço astronômico (e que ninguém paga!), e a "meia entrada" torna-se mais acessível a um preço mascarado e fantasioso. O que ninguém parece notar é que todos estão simplesmente pagando o preço da inteira, pois a "meia", verdadeira, já deixou de existir há muito. E me pergunto se sobra ainda algum direito ao aposentado e ao estudante, que passam a ser tratados como qualquer assalariado (ou não) portando um saco de comida - que vai pra onde no fim das contas?

É chato admitir que o mundo moderno, aliás, mundo contemporâneo (se a Idade Moderna já findou-se, deve ser falado mundo contemporâneo, que é mais moderno), está perdendo a graça. Mas parece que não há como ver as coisas de outro jeito quando passo numa banca de jornal e dou de cara com a capa d'uma daquelas revistas femininas, com o título "Orgasmo: garanta já o seu". Está à venda? Ninguém me avisou...

Certo mesmo estava Millôr, que terminou aquele seu artigo (ao qual me referi no começo) dizendo: "Hoje morar em Viracopos, debaixo da ponte aérea, é mais radical do que pilotar uma Ferrari. E uma disputa de skate também é muito mais perigosa, portanto mais emocionante, do que qualquer Fórmula 1. Esteticamente, então, nem se fala. E skate você também vê com os próprios olhos, não precisa de eletrônica pra dizer quem foi o melhor."


[Este artigo também está disponível no Jornal TiraGosto]
[Leia o artigo de Millôr na íntegra, publicado na p.45 da Veja de 1º de outubro de 2008]
[Todas as fotos deste artigo são de minha autoria e têm caráter ilustrativo expositivo. Todos os direitos reservados - mais conteúdo fotográfico disponível no meu portfólio virtual em http://www.flickr.com/photos/cidmonteiro]

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Mp3 da vez: Gram - Você Pode Ir Na Janela

26 comentários:

  1. por que a gente ilustra esse texto descascando a moderna idade contemporânea?

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  2. Porque vocês são o lado bom dela. E quis aproveitar para mostrá-los e exibir meus últimos trabalhos de foto!

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  3. Nossa vc esqueceu muitas coisa que eu esperava que vc falaria de pronto:
    - cobrança de 10% quando vc é mal atendido ou quando pegou todas as suas bebidas no bar
    - promoções de estações em shoppings, vc paga um monte no início da estação, e no final vc paga 50%

    Mas o papo da meia entrada matou a pau, neste momento é o que mais me indigna.

    Bjo pra vc

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  4. =)
    pois...gostatia de sabr ate k ponto é k as coisas ainda irao mudar =S

    bjs

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  5. ah que bom. e as fotos estão muito belas.

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  6. Outra coisa que imaginei que você colocaria como um exemplo do "fim dos tempos" (que tem mto a sua cara e tb tem me deixado indignada nos últimos tempos, desde que comecei a freqüentar a Nissei aqui na frente da agência com certa regularidade) é que, quando vamos à farmácia, supermercados ou afins, todos os preços são alguns reais e 99 centavos. Na hora de pagar, eles nunca têm os 1 ou 2 e, às vezes até 3, centavos de troco e, automaticamente, imaginam que esse dinheiro não fará falta, diminuindo o seu troco todas as vezes em que vc faz compras com eles. Nem oferecem uma balinha, como nos meus bons tempos de infância.

    Porque não mudam esses preços duma vez por todas, então?

    E por aí vai...

    Mas temos que agradecer por certas coisas tb. Nos meus bons tempos de infância eu não teria a oportunidade de ler seu texto em seu blog. A internet até existia, mas não era tão acessível como hj. =p

    Beijos, Cacazito! Adoro seu blog e adoro ler seus textos falando com vc no google talk!

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  7. Dois ótimos assuntos para se discutir deste texto: Comer...e comer! hehehe...
    Nem mais os restaurantes de culinária mineira escaparam da produção em série. Tudo bem que se o estabelecimento não adotar este tipo de produção,não dará conta da demanda. Mas se quiser comer a verdadeira feijoada feita numa panela de barro acompanhada de torresmos "fresquinhos" e uma boa cachacinha de alambique(não indústrializada),vá para o interior de Minas Gerais.
    Mas tirando a correria do dia a dia,é inadimissível para mim,ter de comer essas porcarias de rua tendo-se tempo pra cozinhar alguma coisa. Sinceramente,não consigo me acostumar com a idéia de que comer num self-service saí mais em conta porque não se tem o trabalho de fazer,e blá,blá,blá...Mas em nome da minha saúde,prefiro comer a comida de 4 dias atrás de minha geladeira,mas feita com carinho pela mamãe do que comer a comida feita a dois dias atrás na moda "vai-se embora" de um restaurante.
    Aah...e falando sobre o "alimento da alma" até o sexo está se modernizando. Não me lembro o canal em que assisti esta matéria,mas os Japoneses já inventaram uma máquina em que o casal fica acoplado à ela e deixa que a mesma faça os "movimentos" por elas. O inventor desta encrenca,obviamente,defendeu seu projeto com a frase mais pitoresca do período pós-moderno em que vivemos: "As pessoas não tem mais tempo pra nada".
    É lógico que em diversas situações hoje em dia a lei do menor esforço pode ser a saída.Mas para outras,podem ser destrutivas para a saúde de corpo,mente e espírito das pessoas.
    Resumindo: Nada substitui o modo de se fazer comida dos tempos da tátátátár-avó...e o modo de se fazer sexo como os homens das cavernas faziam.

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  8. UFA!!!
    Quanta coisa observada que vivenciamos todos os dias e que nos irritam profundamente e muitas vezes, nem percebemos ou ja nos acostumamos a "ir levando". Admiro a sua capacidade de observação e indignaçao, frente a tantas coisas erradas que nos cercam e ter tempo de escrever, por sinal muito bem escrito, e colocar a disposiçao num blog para que muitas pessoas possam dividir com voce.
    Parabéns!!!!
    Um beijo enorme da sua mae

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  9. Texto Excelente, foto do peche ta DEMAIS e o Medula ta sem tempo.
    Parabéns!!

    Medula

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  10. Cara, bom texto.
    Faltaram algumas coisas, mas seria impossível você citar todas as indgnações suas, minhas e de todos.
    Parabéns.

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  11. Vou cutucar tbm...
    primeira vez cutucando *_*
    ta bobeiras a parte, mto do q tu escreveu é infelizmente real, e de tudo isso o que realmente da medo é a crise financeira mundial.
    segundos dados históricos como vc citou na crise de 29 pouco tempo depois oq aconteceu? sim, ela, a segunda guerra mundial!
    excelente....
    vivemos num mundo onde pessoas vivem a beira de ataque de nervos com tanta cobranca e stress ao mesmo tempo, as vezes acho q a tao sabia mae natureza deveria entrar em acao e dar uma limpada nisso tudo!
    okey?! comentado?!
    é isso aeeeeeeee pessoal!
    bjos redator!
    ma oeee, e como a propaganda é a alma do negocio
    segue meu link de fotos pra quem tiver interesse!

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  12. o que me deixa confortável é o prazer das coisas simples, como o millôr mencionou.

    basta-me não assistir à tv para não me incomodar com ela.

    claro que desejo a mudança, mas ela é lenta. faço a minha parte.

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  13. Concordo com o q vc diz meu caro... indignação é vc sair de uma empresa para entrar noutra, te prometerem mundos e fundos, e dali um mes vc ser mandado embora... sendo q um mes nao á suficiente para analisar se uma pessoa é boa ou não no que faz... tudo é relacionado ao dinheiro... vsf

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  14. O inconformismo está no sangue como se diz em Portugal. É bom descobrir que tenho um primo assim.
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    Torre do Pinhão, norte de Portugal, d'onde origina-se a família Monteiro e Leirós. Não te esqueças que Portugal viveu em ditadura 48 anos com António Salazar. Foi um período negro da história dos portugueses, que apenas conseguiram ficar afastados da 2 guerra mundial.Isso a proposito que nesse lugar maravilhoso onde o teu Avõ e o meu Pai nasceram, os filhos eram registados muito mais tarde e sete irmão são alguns ficaram com o nome da Mãe e osutros o do Pai, fruto do pouco desenvolvimento cultural que atingiu a península Ibérica (sim porque espanha também foi governada por um ditador Franco). Assim aconteceu com o teu Avõ irmão do meu Pai em que um é Monteiro e o outro não é.
    Um forte abraço para todos vocês e "dá uma olhadela né" (ainda não perdi o geito) nos blogues que participo de politica local e futebol.
    José Leirós

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  15. para o caso de não teres os blogues

    http://mardematosinhos.blogs.sapo.pt/

    http://bolanaarea.blogspot.com/

    José Leirós

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  16. Realmente Cid, muito bem escrito, voce com boas lembranças citou coisas que gostariamos de esquecer e claro não pôde citar tantas outras que não esquecemos, como por exemplo se sentir "coagido" a pagar o flanelinha em lugares onde normalmente não tem estacionamento, pagar em media R$ 2,20 por um cafézinho expresso (que é bem pequeno) e ao olhar na xicara descobrir que a máquina apenas preencheu METADE DA XICRINHA, ou ainda pedir uma coca em lata ao preço de uma coca 2,5lt e a atendente SEMPRE enfiar o copo na lata te proporcionando assim, beber junto com a coca, todos os germes que pegaram carona na lata, ou ainda ver que as pessoas não conseguem respeitar as vagas exclusivas para deficientes em tantos estacionamentos. Quanto ao bem lembrado serviços de suporte em que voce precisa pagar a ligação (0300 ou 4004) ouvir destas mesmas empresas por exemplo, Net, Sky etc que por um período de promoção a instalação e o equipamento que são 2 ítens totalmente indispensáveis para voce poder acessar uma programação de TV por assinatura são grátis por tempo limitado.Ora alguém consegue ter TV por assinatura sem conversores e instalação? Ou seja, estamos contratanto um serviço que somente funciona com os equipamentos fornecidos por estas empresas e como assim é uma promoção não pagar isto por tempo limitado. Por isto não tenho esta droga! Bom não vou escrever a noite toda, afinal a lista de coisas que não concordamos no mundo contemporâneo é longa mas também existem muitas coisas boas como por exemplo ter a oportunidade de ter acesso ao mundo via internet. Valeu.

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  17. sou um louco por automobilismo fiquei um tanto que desapontado com a velha e boa F1 porem essa temporada ta sendo muito mais do que tecnobobagens, estar valendo apena acordar as tres da matina pra assistir um treino classificatorio, hoje agente ver a integração homem maquina numa sincronia absurda que resulta e muito mais do que milessismos de segundos mais em segurança para o nosso dia a dia temos como exemplo rotineiros o abs, controle de traçao dentre outros

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  18. Adorei o texto, bem seu! E bom ver uma visao critica sobre o cotidiano, embora eu ache que tudo faz parte da natureza humana! E no meu ponto otimista de vista a humanidade tem evoluido a passos de formiga, mas tem evoluido... se analisarmos os os topicos dicutidos no ilumismo ou na revolucao francesa (nem 500 anos atras), aguas de coco em caixinha ou gestao de pessoas sao uma bencao divina.
    beijos querido
    Mari

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  19. Feliz ou orgulhoso? Acho que feliz, muito feliz, é mais próprio. Orgulhosos devem estar, com certeza seus pais.
    Tô aqui desde sempre, desde o Estácio, desde antes de vc, e ler, e lendo perceber, que vc é uma "obra acabada", na possibilidade de ser acabado em ser humano, me deixa rindo sozinho diante da máquina, deixando curiosos os que estão a minha volta perguntando o porque da minha expressão.Longa história......
    Um forte abraço, deste seu parceiro.
    André

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  20. Nem sei onde saiu o texto do Millôr. Mas ele é a última coisa decente que resta à Revista Veja. E tenho dito.

    Me preocupo mais com a Veja do que com o BBB que nunca assumiu responsabilidade com a seriedade. Apenas isto.

    Um beijo.

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  21. Gabri e leitores,

    o link para o texto do Millôr da Veja do dia primeiro está no começo e no fim do meu artigo (onde também consta a referência bibliográfica). Vale a pena lê-lo, sem dúvida (foi lá que tudo isso começou).

    Não se deixem abater pela preguiça! =D

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  22. Bom texto, pelo visto gerou vários comentários, parabéns.
    Mas pra mim essa coisa de catástrofe dos fins dos tempos não convence. Tem aquela história de que a moda é cíclica, cíclica é a humanidade. Há 50 anos a juventude já estava perdida, o mundo caminhava para um abismo e bom mesmo eram os tempos dos avós.
    Agora legal mesmo é essa cultura, da qual eu faço parte, da isenção e do braço cruzado. O transito é um absurdo, a falsa meia um roubo, o big brother é estúpido, mas ta todo mundo querendo comprar um carro, vai todo mundo no show com o saquinho de fubá debaixo do braço e certamente não é sem razão que o bbb terá sua 9ª edição agora.
    Todo mundo critica e põe a culpa “neles”, mas poucos lembram que fazem parte desse “eles” e tem sua parcela da culpa.
    Vou mudar o que escrevi antes, na verdade a humanidade não é cíclica, ela é acomodada. É bem mais fácil reclamar e repetir os jargões de sempre, o importante é parecer indignado.
    Eu pessoalmente adoro essa bagunça, se os valores dos antigos estão se perdendo pra mim está ótimo, nunca gostei muito deles. Na minha opinião não é o mundo que perde a graça, são as pessoas que deixam de vê-la.
    abraço!

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  23. E sua música "Paciência", Lenine já dizia que “mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, a vida não pára...”. O verbo VIVER está cada vez mais longe do VIVENCIAR e cada vez mais próximo do EXISTIR. Não que não haja a necessidade individual de relembrar quem somos em nossa verdadeira essência, de dedicar um momento para nós mesmos, mas quem pode se conceder tal luxo? A hora é cara, como nos é ensinado todos os dias pelos estacionamentos e prestadores de serviços. Como poderíamos pagar o tempo gasto enquanto pensávamos sobre o sentido da vida, realizando um hobby ou viajando? A corrida para alcançar o TER não dá brechas para indagações e prazeres. O mundo está deixando de ser dos expertos para ser dos bitolados. Definitivamente eu não quero fazer parte deste mundo.

    “Até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não pára...”. Podemos adiar uma boa conversa com os amigos, um telefonema para a pessoa amada, um tempo de qualidade com a família, mas d’s nos livre atrasar uma conta. A tecnologia veio para não precisarmos dispor 20 minutos do nosso precioso tempo em cada ligação para cada amigo que você queira saber como está, é só mandar um e-mail em massa perguntando como estão todos. Muito mais simples, não acham? Não me levem a mal, adoro e-mails, mensagens, scraps, mas gosto mais de uma ligação de alguém de longe, de uma cervejinha com os amigos, de um cinema com o namorado. Está na moda o verbo HUMANIZAR. Dizem que precisamos humanizar as cidades, os hospitais, o trabalho... Concordo, mas acho que precisamos começar pelos relacionamentos.

    “Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora, vou na valsa... A vida é tão rara...”. Eu escolhi não sucumbir à pressão. Não vou vender o meu tempo de ser humana, de vivenciar o contato e os prazeres que a vida me oferece por pressa. Não vou preferir um hipermercado a uma mercearia, nem, em uma viagem, optar por conhecer o shopping ao invés do mercado municipal.

    “O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência...”. Uma frase boa e óbvia diz muito sobre o que eu penso da vida: “Em seu leito de morte você não desejará ter passado mais tempo em seu ambiente de trabalho”. Não que esteja fazendo voto de pobreza ou algo do gênero, mas não vou adiar a minha vida para desfrutá-la em um momento que pode nem chegar. Quero ter o meu apartamento, meu carro, minha carreira, mas não vou abrir mão do meu coco na embalagem original.

    Meu amor, o número de comentários mostra a qualidade e importância desse texto. Me orgulho muito com seu senso crítico, com sua sensibilidade e com a sua capacidade de organizar seus pensamentos em palavras tão bem escritas. E parabéns por ter atingido tantas pessoas que refletiram e discutiram sobre tais assuntos. Este é seu maior feito!

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  24. Rapaz.. gostei bastante.. geralmente não tenho paciência pra blog, assim como vc certa época também não tinha.. hehe.. assim como apontado no seu texto, as coisas realmente mudam. Bom, o dólar valorizar é mais ou menos assim, tem menos dólar no mundo pq tem menos crédito nos EUA, logo, o dólar fica mais caro - lei da oferta e da procura - grosso modo, é isso.. meias entradas realmente, podem ser traduzidas como meia, e inteira como otárieira, ou seja, só quem é otário paga, pq todo o resto paga meia. Pow.. Pearl Jam.. pop? Malz hein.. Água de côco em caixinha.. nossa.. me lembro quando começaram.. eu parecia um velho pq realmente não acreditava que fosse vingar, afinal, água de côco só teria graça se fosse no próprio.. bom, talvez esta era a falta de visão de um ex futuro publicitário.. Agora, no telemarketing meu brother, temos o que agradecer ao nosso presidente Lulinha.. digo isso com alguma autoridade de quem trabalha em telemarketing bancário (um dos alvos da tua crítica) e agora todos (bancos e outros) teremos de disponibilizar 0800 (di grátis!) e todos operadores terão de acatar solicitações de cancelamento, ou seja, acabou aquela história de vc ligar pra comprar produto e ser rapidamente atendido e quando liga para cancelar (que é um outro número) vc espera.. espera.. espera.. o que contrata, agora também deverá cancelar, quando solicitado! (ops, vigência a partir de dezembro) Gostei do texto Cacá, ficou bem legal mesm.. mas queria dar esta contribuição otimista para contrapor algumas opiniões que achei muito pessimistas.. sei lá.. tem mta coisa piorando, mas tb tem muitas coisas legais surgindo e que antes não havia, eu mesmo, tenho a discografia do pearl jam sem ir à discoteca 2001 e pagar 30 reais por CD ou sem ir a Amsterdã, por exemplo.. viva o e-mule.. e por aí vai.. abração!! Ah.. massa o texto de cima tb.. sobre o sequestro, isso sim, sem possibilidades de ter visões positivas/otimistas ou algo do gênero.. muito burros.. dá zero pra eles. abs mlk! Danniel

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  25. Só falta água em pó

    "Adicione água para obter um belo copo de água"

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Vai ficar por baixo? Cutucaê!